O Aqualuz, dispositivo que torna potável a água de cisternas por meio da radiação da luz solar, obteve o segundo lugar na Hack Brazil, competição que reuniu 400 startups de tecnologia e chegou ao fim durante a Brazil Conference at Harvard and MIT, evento organizado de 5 a 7 de abril por estudantes brasileiros em Boston, nos Estados Unidos.
Idealizado em 2015, por Anna Luísa Beserra, graduada em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Aqualuz recebe auxílio no desenvolvimento de sua tecnologia, há cerca de dois anos, da estudante Letícia Nunes Bezerra, aluna do Curso de Engenharia Ambiental, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela, inclusive, escreve seu trabalho de conclusão de curso sobre o dispositivo.
Também participa da equipe, com o mesmo propósito de desenvolvimento, a estudante Marcela Sepreny, graduanda em Engenharia Química no Centro Universitário Senai Cimatec (BA), além de Lucas Ayres, profissional formado em Ciência da Computação pela UFBA, responsável pelo design e marketing do Aqualuz.
“Além do prêmio, conseguimos uma boa exposição no evento. Grandes empresários assistiram a nossa apresentação, recebemos muitos e-mails. Por enquanto, não temos nada concreto, só o prêmio, que pretendemos usar na implantação da tecnologia e na validação técnica”, declarou Anna Luísa, ao desembarcar no Brasil, nesta manhã de quinta-feira (11).
Água filtrada por raios solares
O aparelho consiste em uma caixa de inox coberta por um vidro e uma tubulação simples. Em apenas três passos, o usuário obtém água potável por meio da luz irradiada pelo sol: bombeamento da água da cisterna até a caixa, passando por um filtro ecológico feito de sisal, que retém as partículas sólidas; armazenamento da água na caixa de inox para o ciclo de desinfecção, expondo-a à radiação solar e à alta temperatura que desativa o DNA dos patógenos remanescentes; e, por fim, a retirada da água pela torneira acoplada à caixa de inox, pronta para consumo após um ciclo de quatro horas.
A equipe levou a medalha de prata na Hack Brazil e mais R$ 25 mil. “Chegar até a final da Hack Brazil e ainda ficar em segundo lugar é um reconhecimento de todo o esforço e dedicação que temos com o Aqualuz, além de uma gratificação sem tamanho. Fora isso, o fato de representar nossa região, como os únicos nordestinos na competição e a única equipe com mulheres, mostra que não só estamos ganhando espaço que também é nosso como contribuímos com a pluralidade desejada pela Brazil Conference”, afirmou Letícia.
A estudante da UFC explicou, ainda, como passou a integrar a equipe do dispositivo inovador. “Conheci o Aqualuz em uma semana do Curso de Engenharia Ambiental, na UFC, por meio de uma então parceira do projeto que veio dar uma palestra. Fiquei interessada, busquei contato e conheci a Anna. Desde outubro de 2017 faço parte da equipe e participo de acelerações e afins, além de estudar e ajudar no desenvolvimento do produto.”
Ainda segundo Letícia, o Aqualuz deve ser vendido para empresas com iniciativas de responsabilidade socioambiental e para entes governamentais, a fim de que o produto chegue com custo zero aos usuários. “Também pretendemos fazer parcerias com organizações não governamentais para captação de recursos e implantação”, esclarece.
O Aqualuz já se encontra no mercado e conta com 35 unidades instaladas em quatro estados: Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco. Mais informações sobre o produto estão disponíveis no site.
Fonte: Agência UFC