Projeto pedagógico será concluído em 2020 com escolas estaduais da Costa do Descobrimento (BA)
Porto Seguro – BA. Por meio da adoção de metodologia estruturada pelo Projeto Coral Vivo, quatro escolas da Costa do Descobrimento estão caracterizando o lixo marinho de praias próximas às instalações escolares. Três delas participam desde 2018 e acabam de receber os principais resultados do Projeto Combate ao Lixo Marinho, com dados de um ano: o Colégio Estadual Doutor Antônio Ricaldi, de Porto Seguro; o Colégio Estadual Professora Terezinha Scaramussa e o Colégio Indígena Coroa Vermelha, de Santa Cruz Cabrália.
No total, eles recolheram nesse período 16.508 itens, sendo 250 quilos de resíduos sólidos. Neste ano passou a participar o Colégio Antônio Carlos Magalhães (ACM), de Arraial d’Ajuda, que receberá os resultados em 2020 – ano que esse projeto, baseado em ciência cidadã, será concluído por todos.
“A entrega dos resultados com um ano de coletas dos resíduos sólidos é um momento de reconhecimento pela importante parceria desses colégios estaduais da Costa do Descobrimento com a Rede de Educação do Projeto Coral Vivo”, avalia a bióloga Teresa Gouveia, coordenadora de Educação e Políticas Públicas do Projeto Coral Vivo, que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Cada escola recebeu a equipe do Coral Vivo para a apresentação oral dos resultados e um registro em banner com gráficos e fotografias dos estudantes realizando o trabalho. Teresa destaca que o desenvolvimento dos projetos pedagógicos propicia aos alunos experiências de aprendizagem vinculadas à prática científica. Ao mesmo tempo, ocorre a sensibilização referente aos danos socioambientais decorrentes do lixo encontrado na costa e nos oceanos.
O grupo do Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha realizou as coletas na Praia do Macuco. No período, coletou 41kg de resíduos sólidos em um total de 5.855 itens, sendo 67,2% de plástico, 17,7% classificados como diversos, 4,4% de material de metal, 3,1% de papel e 2,5% dos itens foram bitucas. As tutoras responsáveis são as professoras Adil Moreira e Geane Bonfim.
Também de Santa Cruz Cabrália, os alunos do Colégio Estadual Terezinha Scaramussa realizaram as coletas do projeto pedagógico na Praia de Arakakaí. Ao longo de 12 meses, foram coletados 3.746 itens, pesando no total 14kg. Foram 63,4% de itens de plástico, 15,6% de bitucas, 8,5% de material de metal e 8,1% de papel. A tutora responsável é a professora Silvânia Nunes Silva.
Já o grupo do Colégio Estadual Doutor Antônio Ricaldi, de Porto Seguro, coletou na Praia Pitangueiras 195kg de resíduos sólidos. Foram 6.907 itens, sendo 68,9% de plástico, 7,6% de vidro, 6,8% de papel e 5,8% de bitucas. A tutora responsável é a professora Naisângela Carrilho de Oliveira. Os itens coletados foram lavados, passaram por triagem, classificação e registro como: bituca, diversos, madeira, metal, papel, plástico, vidro e têxtil.
Estratégia pedagógica baseada em literatura especializada
A estratégia pedagógica segue os Dez Princípios da Ciência Cidadã desenvolvidos pela Associação Europeia de Ciência Cidadã. Entre eles: envolver ativamente os cidadãos nas atividades científicas gerando novo conhecimento e compreensão; e produzir genuínos resultados científicos, como colocar em prática ações de conservação e usar em decisões de gestão ou políticas ambientais.
Ao chegar à praia, os estudantes demarcam 100m² e recolhem os resíduos volumosos que têm 10 centímetros ou mais. E também peneiram 1m² de areia da praia em três pontos aleatórios para coletar os resíduos que estão enterrados.
Além do treinamento e acompanhamento sobre como estão sendo desenvolvidos os projetos, o Coral Vivo fornece materiais como: fichas de campo e de categorização dos resíduos, luvas, sacos, fitas métricas, pranchetas e peneiras.
Após os dados anotados, a maioria do material é encaminhada para a reciclagem. Os formulários foram compostos a partir de pesquisas sobre experiências e proposições para o monitoramento costeiro em literatura especializada.
Projeto Coral Vivo
O Projeto Coral Vivo nasceu no Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é realizado por 14 universidades e institutos de pesquisa. Trabalha para a conservação e a sustentabilidade socioambiental dos recifes de coral e ambientes coralíneos.
Ele é um dos seis projetos ambientais que compõem a Rede de Projetos de Conservação de Biodiversidade Marinha (Biomar), criada em 2007 pela Petrobras em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e projetos patrocinados. São eles: Projeto Albatroz, Projeto Baleia Jubarte, Projeto Coral Vivo, Projeto Golfinho Rotador, Projeto Meros do Brasil e Projeto Tamar.