
Hoje eu olho para trás e enxergo muita potência no que fizemos. O projeto Casa do Jornalismo Socioambiental foi um sucesso! E não apenas por cumprir o prometido. Mas por superar. Num meio em que os egos e a concorrência sempre falaram mais alto, enxergar um grupo de mais de 30 jornalistas de 21 veículos nativos digitais independentes fazer uma cobertura colaborativa de forma generosa e diversa é algo que deve render mesas nos próximos congressos e, quem sabe, artigos científicos. É algo a ser estudado mesmo.
Iniciativa inédita e cheia de êxitos, foi gestada durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA), em Fortaleza, quando um grupo formado por jornalistas unidos pela plataforma Diários do Clima, #colabora, Eco Nordeste, Envolverde, InfoAmazonia e o ((eco)) começaram a pensar sobre o desafio de hospedagem em Belém para a cobertura da COP30.
Dali o diálogo passou às reuniões do Diários do Clima e envolveu também a Open Knowledge Brasil, outra parceira da iniciativa. No começo de 2025, chamamos a Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e a Amazônia Vox para somar. Neste ponto, todas as organizações já prospectando possíveis apoiadores para a Casa do Jornalismo Socioambiental, que a essa altura já começava a tomar forma.
2025 tem sido um ano difícil para o jornalismo independente no Brasil. Muitas iniciativas descontinuaram e nós chegamos a cogitar isso também, mas seguimos nesta coalizão mesmo assim. Começamos a nossa cobertura da COP30 em agosto, já vislumbrando um evento preparatório, a 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid III).
A Casa do Jornalismo Socioambiental foi financiada pela Climate and Land Use Alliance (CLUA), cujo apoio estruturante viabilizou a iniciativa. Contou com o apoio da Fundação Itaú, com participação ampliada nas ações, e do Instituto Clima e Sociedade (iCS), que contribuiu de forma relevante para a consolidação do projeto.
Completaram a rede de apoio Amazon Conservation Association, Pulitzer Center, Greenpeace, Covering Climate Now, Fundação Heinrich Böll, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Oxfam Brasil, Ciência Hoje, Fundação Rosa Luxemburgo, ITS Rio e a Iniciativa AdaptaCidades, implementada pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com recursos da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI) e do Fundo Verde para o Clima (GCF).
Essa cobertura plural incluiu, além dos realizadores, Agência Pública, Alma Preta, Ambiental Media, AzMina, Carta Amazônia, Ciência Suja, Intercept Brasil, Nexo, O Joio e O Trigo, Repórter Brasil, Revista Cenarium, Site Independente A LENTE, Agência Urutau, O Varadouro e Voz da Terra.
Mas a Casa do Jornalismo Socioambiental foi muito além disso. Realizou dezenas de eventos, entre escuta de observadores, mesas redondas, cafés, oficinas, exibições de conteúdos audiovisuais, coquetéis, dos realizadores, apoiadores e parceiros. Só nós, da Eco Nordeste, realizamos dois eventos, uma oficina de cobertura de clima no Nordeste e uma entrevista coletiva com importantes atores das questões climáticas na região.

Para além da cobertura e dos eventos, a Casa do Jornalismo Socioambiental foi um lugar de acolhida, tanto para mais de 20 jornalistas que aqui se hospedaram, quanto para aqueles que utilizaram o espaço como local de trabalho colaborativo para um café, escrever ou enviar conteúdos ou apenas passar uma chuva, descansar e dialogar com os residentes.
Vale aqui um destaque especial para duas pessoas que se empenharam, do início ao fim, para que tudo ocorresse da melhor forma possível para todos (e conseguiram!). Thayane Guimarães e Stefano Wrobleski, do InfoAmazonia, se desdobraram e todos viram o esforço deles para proporcionar a melhor experiência possível a todos. Deixaram de comer, dormir direito neste esforço. Para vocês, meu obrigada todo especial!
É difícil mensurar a diferença da pessoa jornalista que chegou aqui cheia de expectativa para cobrir a sua primeira COP e a que sai, cansada, feliz, realizada e já cheia de saudades desses intensos 30 dias em Belém. Foi muito bom trabalhar com todos vocês neste período! Até a próxima!
As jornalistas Maristela Crispim e Isabelli Fernandes viajaram a Belém para a cobertura da COP30 com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e estão hospedadas na Casa do Jornalismo Socioambiental, uma iniciativa que reúne profissionais e veículos brasileiros especialistas de todo o País para ampliar abordagens e vozes sobre a Amazônia, clima e meio ambiente.


