Projeto fortalecerá processos de comercialização agroecológicas em Sobral e implementará três tecnologias sociais em território boliviano | Foto: Cetra

Sobral – CE. O Semiárido é um território de muitos saberes e sabores. Quando os saberes são compartilhados, se fortalece a ideia de um Semiárido vivo, cheio de riquezas e belezas. É neste cenário que o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), juntamente com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Programa Adaptando Conhecimento para a Agricultura Sustentável e o Acesso a Mercados (AKSAAM) iniciam o Projeto Saberes do Semiárido, que tem como centralidade o fortalecimento do processo de comercialização agroecológica.

Além disso, o projeto traz um destaque especial para a relação Sul-Sul, a partir da parceria com o Centro de Estudios Regionales de Tarija (Cerdet), da Bolívia. Naquele país, as ações terão centralidade na difusão de tecnologias sociais no Território Gran Chaco, em Tarija. Ao todo, serão três tecnologias implantadas a partir do aperfeiçoamento e processos formativos: o reúso de águas cinzas que, junto das cisternas, ampliaram a capacidade e disponibilidade de água para uso nos quintais; o biodigestor, que inovou na produção de gás para uso doméstico, e o fogão ecológico que favorece maior autonomia energética e geração de renda a partir da otimização do consumo de biomassa.

Já no Brasil, o projeto centrará atividades no território de Sobral, no Ceará, mesmo território de atuação do Projeto Paulo Freire realizado pelo Fida / Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), que irá proporcionar um espaço físico permanente para a comercialização agroecológica e também o desenvolvimento de um aplicativo para a venda dos produtos.

Durante os 15 meses de duração do projeto serão proporcionados ricos momentos de interação com a comunidade, com a realização de um encontro internacional de agricultores e agricultoras experimentadores/as para o intercâmbio de experiências a partir das temáticas tecnologias sociais e acesso a mercados; e do I Festival Estadual de Gastronomia Agroecológica no Território de Sobral, que será realizado em parceria com a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco e o Movimento Slow Food Ceará.

Serão cerca de 130 famílias beneficiadas diretamente com o Projeto Saberes do Semiárido. São agricultores familiares, quilombolas e indígenas, e principalmente mulheres e jovens rurais, compartilhando saberes no Semiárido latino-americano.

O Projeto Saberes do Semiárido é uma realização do Cetra, do Fida e do AKSAAM em parceria com o Cerdet (Bolívia), Plataforma Semiáridos América Latina, Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Centro de Estudos e Assistência às Lutas do/a Trabalhador/a (Cealtru), Centro Sabiá, Projeto Redes de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará (Fundação Banco do Brasil / Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte) / Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) / Governo Federal), Movimento Slow Food Ceará e Governo do Estado do Ceará, por meio do projeto Paulo Freire.

Luta pela terra e
convivência com o Semiárido

Desde o ano de 1981 o Cetra começou a escrever sua história no Ceará. É uma história entrelaçada na luta pelo direito à terra na qual mulheres e homens de comunidades tradicionais do campo protagonizaram momentos de coragem e resistência. O trabalho, que girava em torno da assessoria jurídica pelo direito à terra em municípios como Aratuba, Itapipoca e Quixadá, entre outros, tomou outra forma a partir dos anos de 1990: era tempo de trabalhar na terra conquistada. Trabalho que tinha o gosto da resistência aguerrida do povo camponês e da transformação do campo em espaço de bem viver.

Nessa perspectiva, o Cetra atua nos últimos anos sob as temáticas da Convivência com o Semiárido, Agroecologia e Socioeconomia Solidária no intuito de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de agricultoras e agricultores familiares, de povos tradicionais do campo, das juventudes e de mulheres camponesas. São conquistas amparadas na luta coletiva pelas políticas de Convivência com o Semiárido, como as tecnologias sociais de armazenamento de água e as feiras agroecológicas e solidárias, onde as famílias agricultoras comercializam alimentos livres de agrotóxicos cultivados em seu próprio quintal. A luta pela terra – reforma agrária e demarcação de terras indígenas e quilombolas – o feminismo, a diversidade, a agroecologia, a cultura e as juventudes são também bandeiras permanentes na construção de um Semiárido vivo e digno para se viver.

Serviço

O que: Lançamento do projeto Saberes do Semiárido
Quando: Dia 29 de julho de 2020, a partir das 16h (Brasília) / 15h (Bolívia)
Onde: Página do Cetra no Facebook (www.facebook.com/cetraceara)

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