Por Alice Sales
Colaboradora
Multiplicadores da região do Cariri cearense foram capacitados, nesta semana, em curso sobre tecnologias sociais de saneamento básico rural, no distrito de Baixio das Palmeiras, no município de Crato. Em dois dias, a capacitação teve programação prática e teórica.
Durante as atividades, foram aplicados os conceitos básicos de saneamento e tratamento de esgoto, das tecnologias sociais desenvolvidas, como a Fossa Séptica Biodigestora, Clorador Embrapa e Jardim Filtrante; o reúso de efluente tratado na agricultura, suas vantagens, limitações e segurança. Além disso, transferência de tecnologias sociais, e políticas públicas em saneamento rural foram apresentados pelo pesquisador Wilson Tadeu Lopes da Silva e o analista Carlos Renato Marmo, ambos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação.
Enio Girão, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical e articulador desta iniciativa no Ceará, conta que, dentre essas tecnologias, a Fossa Séptica Biodigestora teve destaque durante o curso. “Essa tecnologia permite que o esgoto derivado dos banheiros, resulte em um efluente rico em nutrientes que pode ser utilizado como biofertilizante”, explica.
O pesquisador ressalta que esta é uma tecnologia inclusa no Programa de Habitação Rural pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e que a intenção do curso foi capacitar agentes de desenvolvimento em geral para ampliá-la no Cariri Cearense.
Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer uma unidade demonstrativa de Fossa Séptica Biodigestora, que foi instalada na quarta-feira (5), na casa de Liro Nobre, professor e agricultor experimentador do distrito de Baixio das Palmeiras, no Crato, com o apoio do técnico da Embrapa Instrumentação, Luís Godoy.
“Temos um quintal produtivo onde produzimos frutas, verduras, legumes, plantas medicinais e nativas, para consumo próprio e para partilha. Já trabalho com Sistema Agroecológico e estou certo de que a Fossa Séptica Biodigestora agregará valor ao nosso quintal produtivo, além de que o biofertilizante produzido a partir da fossa melhorará a qualidade do que produzimos aqui. Outro fator importante é saber que essa fossa não contamina a água”, declarou Liro Nobre.
E completou: “A ideia é usar essa tecnologia para incidir politicamente e mostrar que aqui na comunidade há pessoas que pensam em outro modelo buscando harmonia com a natureza. Essa Fossa Séptica será usada como vitrine para que outras pessoas da comunidade possam conhecer essa tecnologia”.
“O curso possibilitou às entidades parceiras da Embrapa que atuam com tecnologias sociais o contato com soluções voltadas ao saneamento básico rural, para a melhoria da qualidade de vida das populações do campo”, afirma Marmo.
Ainda durante a programação da capacitação, na Associação Rural de Baixio das Palmeiras, estudantes, produtores rurais, representantes de empresas públicas e privadas e do terceiro setor de 13 municípios da região conheceram a situação do saneamento básico rural no Cariri cearense. A programação foi encerrada com uma reunião sobre os desafios e oportunidades para ampliação do saneamento rural na região com o professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Eduardo Vivian da Cunha.
O curso foi resultado do convênio firmado entre a Fundação Banco do Brasil (Fundação BB) e a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), para instalar unidades da Fossa Séptica Biodigestora e capacitar multiplicadores em todas as regiões do País. A ação é realizada com o apoio das unidades da Embrapa em cada região, sendo a quinta envolvendo a cooperação.