Mãe e filha crocheteiras empreendedoras no sul da Bahia lançaram uma linha de bolsas para apoiar onze organizações e projetos que atuam em diferentes biomas brasileiros, entre eles, a Associação Caatinga, que atua nos territórios do Ceará e Piauí.
Itacaré – BA. Produzir peças de crochê que contem histórias. Este é o objetivo de Jacqueline Demétrio e Camila Demétrio, mãe e filha que são proprietárias da Bolsas Jamelão, uma empresa que fabrica bolsas e acessórios de crochê localizada no município de Itacaré (BA). A empresa começou depois mãe e filha decidiram deixar a terra natal, Belo Horizonte (MG), para começar uma nova vida na cidade baiana.
Com a confecção das bolsas veio a vontade de dar um sentido à empresa para além do lucro. E é aqui que a história da Associação Caatinga (AC) e da Bolsas Jamelão se cruzam. As artesãs lançaram a coleção “Salve a Floresta” e convidaram a ONG e outras dez instituições para fazer parte do projeto que busca levar ao público uma mensagem em favor da natureza.
As bolsas da coleção representam cada um dos biomas brasileiros e, ao comprar uma peça, o consumidor ganha uma semente nativa da respectiva região. Camila explica que o objetivo da coleção é “ajudar a natureza que já não aguenta mais. Queríamos incentivar a conscientização e educação ambiental. O plantio de uma árvore é lindo né? Escolhemos (…) que pudessem ser plantadas em qualquer região e que tivessem um plantio e uma germinação mais fácil”.
Para fazer parte da nova coleção da empresa, a Associação Caatinga doou sementes de ipê-roxo e amburana-de-cheiro. Para Kelly Cristina, coordenadora de comunicação da AC, criar esse tipo de parceria dá “mais força e visibilidade para continuar o trabalho de proteção do Semiárido”. Ela ainda ilustra que a organização decidiu participar do empreendimento porque “acredita que mais empresas podem e devem se juntar às causas socioambientais”.
A representante da Caatinga é a Clutch Caatinga, uma bolsa tecida em crochê com alça removível e regulável. A peça é lançamento e conta com três cores: verde-oliva, tie dye (camaleão) e mango. A semente que acompanha as peças é da amburana-de-cheiro, uma espécie arbórea que atinge até 12m de altura. Apresenta uma ampla distribuição na Caatinga ocorrendo em todos os estados da região Nordeste e nos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Suas flores são aromáticas atraindo abelhas e insetos para a polinização, além disso, a amburana vem sendo utilizada amplamente pelo seu poder medicinal já comprovado cientificamente.
É possível comprar a bolsa pelo site ou Instagram da loja. Camila informa que as bolsas são inteiramente produzidas por ela e pela mãe: “nós fazemos tudo: criação, execução dos acabamentos, fotos, atendimento, marketing, elaboração da coleção, além da história que cada peça terá”.
Além da Associação Caatinga, a Bolsas Jamelão convidou outros dez projetos para fazer parte da coleção: Projeto Árvore Nativa, Instituto Homem Pantaneiro, Projeto Plantar, Ecotrópica, Florestal Brasil, Fundação MAIS Cerrado, Grande Reserva Mata Atlântica, SOS Amazônia, Movimento Mecenas da Vida e Programa Arboretum.
De onde vêm as sementes?
As sementes nativas que vão com a bolsa Clutch Caatinga são produzidas por agricultores parceiros da Associação Caatinga. A colaboração funciona da seguinte forma: a AC realiza capacitações de coleta e manejo de sementes nativas do Semiárido em comunidades rurais. Os agricultores interessados passam a coletar sementes e as vendem para a ONG que comercializa os produtos.
Olavo Vieira, analista ambiental da Associação Caatinga, detalha a parceria: “realizamos o pagamento aos agricultores no momento em que recebemos as sementes e, após isso, nós fazemos o manejo e o beneficiamento para depois armazená-las e, posteriormente, vendê-las”. A Associação Caatinga comercializa 37 espécies nativas da Caatinga. A lista com todas as variedades pode ser encontrada no site da ONG.
Cupom de desconto
A Bolsas Jamelão disponibiliza o cupom ACAATINGA10 para 10% de desconto no valor da Clutch Caatinga. O cupom estará disponível até o dia 15 de abril. Além da AC, todas as instituições parceiras que fazem parte da coleção têm o seu próprio cupom de desconto, já que cada instituição é representante de uma peça específica. Camila explica que “dessa forma a gente faz com que as pessoas busquem conhecer cada uma das instituições para solicitar o cupom”.
Outros projetos
Fundação Ecotrópica
Fundada em 1989, atua na conservação, proteção e recuperação do Pantanal, especificamente na cidade de Cuiabá (MT). A organização é proprietária de quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no bioma.
Florestal Brasil
Criado em 2014 por engenheiros florestais para espalhar notícias e divulgar questões científicas, o grupo também desenvolve o FloresCast, um podcast voltado ao setor florestal e ambiental do Brasil.
Fundação MAIS Cerrado
Surgiu em 2014 e hoje é referência em incentivar a participação social, governamental e privada para implementação de políticas públicas e projetos para preservação de conservação do Cerrado.
Grande Reserva Mata Atlântica
É o maior corredor de Mata Atlântica bem conservada. O território, de 2,2 milhões de hectares, abrange 50 municípios entre três Estados: Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Apesar de não possuir uma liderança única, a iniciativa, que surgiu em 2018, conta com o apoio de dezenas de parceiros e busca promover a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável por meio do ecoturismo.
Instituto Homem Pantaneiro
Fundado em 2002, atua na preservação e recuperação do Pantanal, em especial na região da Serra do Amolar, localizada no município de Corumbá (MS). A organização gere áreas protegidas, combate incêndios, monitora a fauna e flora local e apoia as comunidades tradicionais da área.
Movimento Mecenas da Vida
Desde 2005 atua na Área de Proteção Ambiental da Costa de Itacaré/Serra Grande localizada nos municípios de Itacaré e Uruçuca, litoral sul da Bahia. A organização trabalha em prol da conservação ambiental em parceria com famílias de agricultores tradicionais que vivem na região.
Programa Arboretum
Criado em 2010, é um programa interinstitucional que reúne atores relacionados à pesquisa, à normatização e à extensão, em um ciclo que vai desde a coleta de sementes, produção de mudas e plantios para restauração e para uso sustentável de espécies florestais, numa estrutura de suporte técnico e logístico permanentemente vinculada às ações de campo. A área de atuação do programa estende-se pelo extremo sul da Bahia.
Projeto Árvore Nativa
Surgiu em 2018 e atua na coleta e venda de sementes produzidas em parceria com as comunidades locais de Pelotas (RS). Além disso, a organização também doa mudas na cidade, dessa forma consegue levar conhecimento para a população e incentivar o plantio de árvores nativas.
Projeto Plantar
Criado em 2018, atua em táticas de marketing verde, reflorestamento de áreas degradadas e oferece o serviço de plantio de mudas a distância. O cliente escolhe uma árvore disponível no site da organização e, após o pagamento do serviço, acompanha o plantio e o crescimento da espécie por meio da internet.
SOS Amazônia
Promove a conservação e preservação da Floresta Amazônica por meio da geração de renda sustentável para comunidades tradicionais, proteção de fauna e flora, promoção de roçados sustentáveis e recuperação de áreas degradadas. Oriunda de movimentos sociais, a organização surgiu em 1988.
Fonte: Associação Caatinga
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