Por Alice Sales
Colaboradora

De acordo com o documento, as lives devem ser gravadas no Teatro Municipal de Maracanaú, infringindo o decreto de isolamento social e as recomendações da OMS, expondo os artistas ao risco de contaminação pela Covid-19 | Foto: Carlos Shinoda

Maracanaú-CE. Uma denúncia contra um edital promovido pela Fundação de Cultura do Município de Maracanaú, cidade localizada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) lançado para viabilizar lives nas redes sociais de artistas locais, está sendo articulada pelo Fórum de Arte e Cultura de Maracanaú. O edital emergencial foi lançado para incentivar a produção artística local durante este período de pandemia, que tem prejudicado diretamente o trabalho de artistas autônomos e sem renda fixa. No entanto, segundo o coletivo que está à frente da denúncia, o documento possui uma série de irregularidades.

Uma das principais falhas do edital apontadas pelos artistas é que, de acordo com o documento, as lives devem ser gravadas no Teatro Municipal de Maracanaú, infringindo o decreto de isolamento social e as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), expondo os artistas ao risco de contaminação pela Covid-19.

O edital foi lançado para dar aporte a 100 artistas, no entanto somente 59 apresentações estão programadas para as gravações. Muitos dos inscritos, optaram por desistir de suas vagas para não correrem o risco de contaminação ao sair de casa. Além disso, os membros do Fórum afirmam que o diálogo com as autoridades competentes para negociar melhores condições para as gravações dessas apresentações não foi facilitado.

“Todos os dias passa um carro de som na minha rua reforçando a importância de as pessoas permanecerem em casa para o combate à pandemia, mas por outro lado, a Prefeitura promove lives em que os artistas precisam se deslocar de suas casas para realizá-las. Como artista me sinto sem amparo dentro da minha própria cidade. A gente vê o quanto esse tipo de ação nos parece uma assistência social em que temos que aceitar as condições dadas”, ressalta um dos artistas membro do Fórum, que preferiu ter a identidade preservada.

Outro membro do fórum, que também optou por não se identificar, destaca:  “é muito difícil pra nossa classe a situação de sempre propor um diálogo com a Prefeitura e isso não acontecer. Nunca somos ouvidos. Ficamos muito aliviados quando soubemos do edital. Nós não reprovamos a iniciativa, achamos que é necessária diante deste contexto, mas o que nos incomoda é a forma determinada para que ela seja executada. Para nós é muito difícil colocar a nossa vida em risco e a de quem mora com a gente”.

Outro ponto a ser reivindicado, de acordo com o coletivo, é que o edital é excludente para algumas formas de expressões artísticas. Segundo eles, vários artistas não estão sendo contemplados pela iniciativa, como os que atuam com artes visuais e cinema. Como forma de manifesto, o Fórum de Arte e Cultura de Maracanaú encaminhou uma carta pública à Fundação de Cultura do Município reivindicando um diálogo e propondo as alterações necessárias no edital. Além disso, uma nota de repúdio também foi publicada nas redes sociais.

Posicionamento da Prefeitura

A Prefeitura de Maracanaú, por sua vez, informou, em nota enviada à Agencia Eco Nordeste, que:  “montou uma estrutura completa de transmissão das lives no Teatro do Centro Cultural Dorian Sampaio para evitar custos ao artistas e grupos culturais participantes do Maracanaú Live Festival. Também estará aplicando todas as medidas de segurança definidas pela Organização Mundial de Saúde – OMS e Ministério da Saúde para evitar a contaminação por coronavírus. Uma equipe reduzida irá fazer as 59 lives do Maracanaú Live Festival, todos profissionais com equipamentos de proteção individual – EPIs (máscaras de proteção e luvas) e respeitando a distância mínima de dois metros. Haverá ainda ações diárias de higienização do espaço. Não haverá público presencial no Teatro, apenas os artistas e membros dos grupos e bandas participantes do Maracanaú Live Festival”.

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