Por Adriana Pimentel
Colaboradora
Todos conectados pelo computador ou celular e em suas casas. Os encontros, aulas e reuniões, em tempos de quarentena pelo Covid-19, são assim. E para a produção da campanha “Abril Vermelho“, não foi diferente. A reunião on-line contou com a presença (virtual) de 37 participantes entre lideranças indígenas de todo o Brasil, indigenistas, jornalistas e ativistas que participaram de diversas localidades do País, incluindo a editora e colaboradoras da Agência Eco Nordeste.
A reunião também contou com participação internacional, de apoiadores que estão no México, Guatemala, Espanha e Sérvia. O fio condutor de toda essa mobilização é que lutar e defender a causa indígena é responsabilidade de todos. Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), presidiu o encontro.
A campanha do “Abril Vermelho”, seguirá a já existente “Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais“, principalmente em relação ao combate à impunidade para todos os assassinatos de indígenas. Mas também se relaciona ao combate ao Covid-19, agora uma ameaça a mais para a vida dos povos originários, uma pandemia que pode causar genocídio, como outras também trazidas pelo não indígena, responsáveis pela morte de milhares de membros de etnias brasileiras.
Durante a reunião on-line, que durou duas horas, foram apresentadas estratégias de proteção, orientação e principalmente apoio financeiro aos povos originários, entre elas: realizar debates on-line; parente, agende sua live; campanhas para fazer pressão: mineração não é atividade essencial; reforçar a pauta da soberania alimentar e a necessidade de cestas básicas nas aldeias; Mídia Índia na continuação da produção de podcasts e que reforçam a campanha #FicaNaAldeiaParente; mobilização de apoiadores, fundos nacionais e internacionais que possam apoiar o movimento indígena neste período de quarentena, entre outras ações de apoio e defesa dos povos indígenas.
Segundo a coordenadora executiva da Apib, todos temos que estar atentos e não permitir agora a entrada de ninguém nas aldeias, pelo perigo do contágio, principalmente dos povos isolados. Ela destaca, ainda, que é preciso reforçar a denúncia de ataques e conflitos que só aumentam.
“Esse foco no combate ao coronavírus é importante, é urgente, mas não pode, de forma alguma, ignorar toda essa situação de conflitos, e muito menos ‘invisibilizar’ todo esse histórico de luta que a gente vem fazendo, do desmonte de políticas, de invasões de madeireiros, de garimpeiros, de caçadores de todo tipo de ameaça aos territórios indígenas”, ressalta.
E finaliza: “Nesse momento que se orienta o isolamento, isso tende a aumentar ainda mais, como é o caso aqui no Maranhão com o crescimento do desmatamento, como lá em Roraima, Rondônia o aumento dos garimpeiros nas terras indígenas. E tudo isso só amplia esse duplo risco para nós indígenas, para o meio ambiente e para todo mundo, porque está mais do que claro que lutar hoje, defender a causa indígena, não é somente responsabilidade nossa é uma responsabilidade que tem que ser abraçada por todos”.
Durante a reunião também foram apresentadas outras ações em todo o Brasil que reúnem doações de produtos e fundos para comunidades e aldeias, mais vulneráveis a infecções respiratórias, e para ajudar você pode clicar neste link.