Aceleradora de negócios florestais visa impulsionar empreendimentos sustentáveis na Mata Atlântica

Mirante onde é possível ver montanhas cobertas de vegetação verde sob céu nublado

A Chapada da Ibiapaba, no Ceará, é uma das áreas de Mata Atlântica remanescente, no Nordeste | Foto: Alice Sales

Por Alice Sales
Colaboradora

Os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe abrigam importantes áreas remanescentes de Mata Atlântica no Nordeste que precisam ser preservadas. Essas áreas contam com a presença de centenas de pequenos e médios empreendedores que possuem o potencial de contribuir com o desenvolvimento de uma economia florestal sustentável e regenerativa para esse bioma. Com o intuito de  alavancar esses empreendimentos o WRI Brasil em parceria com o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica está lançando a Aceleradora de Negócios Florestais.

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O programa irá apoiar o desenvolvimento de 20 negócios atuantes em todas as regiões de Mata Atlântica no Brasil. A intenção é que os negócios aprovados sejam acompanhados para que adotem com mais eficácia as práticas de restauração de paisagens e florestas, que são algumas das soluções mais eficientes para reverter a degradação da terra que compromete a segurança alimentar e hídrica no bioma, além, de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Os pequenos e médios empreendedores que desejarem participar poderão realizar suas inscrições até o dia 27 de fevereiro de 2023.

Ao entender a restauração como uma agenda prioritária no contexto de mudanças climáticas e de todas as questões sociais, ambientais  e econômicas associadas à floresta, a aceleradora é um programa personalizado de mentoria e treinamento, de trocas de experiências, de intercâmbio, de financiamento e a ideia é capacitar as equipes das pequenas e médias empresas para melhor administrar seus negócios e conectá-las a oportunidades de financiamento. A Aceleradora de Negócios Florestais hoje é uma rede de mais de 190 empreendedores de 46  países que já estão aprimorando os seus negócios para atuar na restauração. Hoje, o foco no Brasil é na Mata Atlântica.

“A Mata Atlântica é um bioma já bastante degradado que necessita de ações de restauração. A gente sabe que as atividades econômicas podem contribuir para o desmatamento, criar as inseguranças sociais, emitir carbono e outros riscos. Precisamos pensar na abordagem de restauração de paisagens e florestas, um caminho já apontado pela ciência. Aliar a criação de novas florestas à produção de alimento e garantir a geração de serviços ecossistêmicos.  Pensando do ponto de vista econômico, que inclui a geração de emprego e renda, esses empreendimentos podem contribuir nesse processo. A grande chave é que esses negócios possam aumentar seus impactos positivos ambientais, sociais e econômicos, e apoiar na reversão desse cenário de degradação da vegetação nativa”, explica Mariana Oliveira, gerente de Florestas, Uso da Terra e Agricultura do WRI Brasil,

As 20 iniciativas selecionadas irão participar de treinamentos, mentoria e capacitação em plataformas on-line e eventos presenciais. Os empreendedores também contarão com a conexão com redes de intercâmbio e a divulgação dos negócios acelerados. Além disso, as cinco iniciativas mais promissoras também receberão um recurso financeiro no valor de até R$ 50 mil.

Além dos temas técnicos, o programa também se concentrará no apoio para que empreendedores e empreendedoras busquem a estabilidade e expansão das atividades nas diferentes etapas que envolvem a cadeia de restauração. “Preencher uma das lacunas que existem nesse tema, que é garantir assistência técnica, mercados e financiamentos para apoiar a implementação da restauração e a comercialização dos produtos da floresta, é fundamental para dar escala à restauração”, acrescenta.

Poderão participar do programa pequenas e médias empresas, empreendimentos ou
consultorias (assistência técnica, engajamento e/ou educação) que estejam presentes na cadeia da restauração florestal ou das agroflorestas, desde produção de sementes e mudas até produtos gerados a partir das áreas restauradas, como madeira, frutos e alimentos em geral. Além da iniciativa ser dentro do bioma Mata Atlântica, outros critérios para a seleção são: ter um impacto positivo real ao reverter a degradação da terra, qualidade da equipe do negócio, inovação proposta, indicadores que mostram o que a empresa já atingiu e a sua viabilidade financeira.

“Queremos a diversidade na composição de equipe e uma distribuição geográfica na Mata Atlântica do Sul ao Nordeste. A intenção é olhar para dentro da cadeia de restauração. Serão esperadas desde pessoas que trabalham com seus negócios de assistência técnica, extensão rural, até aqueles que fazem o beneficiamento de produtos, como a produção de geleias e polpas de frutas”, destaca a gerente de florestas.

Alguns critérios podem render pontos adicionais aos projetos, incluindo diversidade de gênero na liderança do negócio, distribuição geográfica na Mata Atlântica, o setor dos negócios na cadeia da restauração e agroflorestas e existência de articulações com atores locais. O edital está aberto e pode ser consultado no site wribrasil.org.br/aceleradora.

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