O Cânion do Poti foi tema de um dos artigos da professora Vanda Claudino Sales publicados em 2020 | Foto: Gustavo Fonseca

É provável que 2020 entre para os livros de História como um dos mais marcantes da existência da humanidade no Planeta Terra. No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o que ceifaria milhares de vidas, mudaria nosso jeito de viver, estudar, trabalhar, se relacionar.

Precisamos nos isolar para minimizar a pressão sobre os serviços de saúde. Isso gerou uma crise financeira global e local que atingiu em cheio os mais vulneráveis. Em meio a tantas incertezas, onde ainda nos encontramos, muitos acreditaram que o isolamento social decretado por governos locais serviria para um repensar da relação ser humano – natureza. Mas será que houve alguma mudança significativa neste sentido? Realmente mudamos para melhor nesse período ou ainda estamos esperando algo pior para agirmos?

A pandemia de Covid-19 tornou 2020 um ano planetariamente desafiador e isso inclui as pequenas mídias independentes, como a Eco Nordeste. Neste contexto, ela foi uma das 5.600 iniciativas de jornalismo de pequeno e médio porte de 115 países, sendo 381 no Brasil, apoiadas pelo Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo (JERF) da Google News Initiative, que recebeu mais de 12 mil inscrições. Foi uma ajuda valiosa para a manutenção do nosso trabalho.

2020 foi um ano de muita tristeza, de perdas pessoais, ambientais, de direitos. E, neste cenário, o Jornalismo se fez mais importante do que nunca, ao dar amplitude àquelas vozes que normalmente não são ouvidas, alertar para crimes ambientais, de racismo, de violência de gênero.

Colaboração

O projeto colaborativo ‘Um vírus e duas guerras’ teve como objetivo visibilizar a violência de gênero no Brasil, fortalecer a rede de apoio e fomentar o debate sobre a criação ou manutenção de políticas públicas de prevenção | Arte: Flávia P. Gurgel

Para nós, que fazemos a Agência de Conteúdo Eco Nordeste, apesar de desafiador, 2020 se mostrou também um ano de trocas, colaborações e oportunidades de desenvolvimento. Participamos do projeto “Um vírus e duas guerras”, um trabalho jornalístico colaborativo de monitoramento da violência contra a mulher na pandemia, com a Amazônia Real, Azmina, #Colabora, Marco Zero Conteúdo, Portal Catarinas e Ponte Jornalismo.

O objetivo é visibilizar esse fenômeno silencioso, fortalecer a rede de apoio e fomentar o debate sobre a criação ou manutenção de políticas públicas de prevenção à violência de gênero no Brasil.

Novos canais

Em 2020, a Eco Nordeste avançou na comunicação da produção científica, com a publicação de artigos e divulgação de trabalhos de instituições de pesquisa do Nordeste e / ou com temática sobre a região.

Também lançamos a nossa Newsletter, um canal direto com nossos leitores; o EcoCastNordeste em streamings de podcasts; e as Conversas ao Vivo no Instagram, com temas sobre meio ambiente, direitos humanos, questões de gênero e etnias, entre muitos outros.

Primeira premiação

Ganhadora do primeiro lugar na categoria Webjornalismo do 2º Prêmio MPCE de Jornalismo, a matéria ‘Povos originários do Ceará lutam para manter a vida e a tradição’ foi um trabalho colaborativo e homenageou cada vida indígena que padeceu em decorrência da Covid-19 | Foto: Luan de Castro Tremembé

Já perto de encerrar o ano, a Eco Nordeste recebeu a feliz notícia de ter conquistado o primeiro lugar na categoria Webjornalismo do 2º Prêmio MPCE de Jornalismo, com a matéria “Povos originários do Ceará lutam para manter a vida e a tradição“, fruto do trabalho da equipe composta por Maristela Crispim (coordenação, produção e edição), Alice Sales (texto), Luan De Castro Tremembé (imagens), Eduardo Queiroz (edição de vídeo) e o apoio de muita gente para poder se concretizar em condições tão adversas.

A Eco Nordeste produziu este material em homenagem a cada vida indígena que padeceu em decorrência da Covid-19. Prestamos nossa solidariedade a todas as famílias indígenas brasileiras e reiteramos a máxima de que cada vida indígena importa. Todas as imagens (fotos e vídeos) foram produzidas por Luan De Castro Tremembé, membro da Rede de Comunicadores IndígenasJuventude Indígena Conectada, uma forma de valorização da cultura local e de preservação das aldeias da presença de estranhos em meio à pandemia.

Um novo recomeço

Empreendimento previsto para as dunas da Sabiaguaba implicaria o soterramento de rios e dunas, além de desabrigar centenas de espécies silvestres | Foto: Bruno Guilhon

Entre tantas coberturas realizadas de forma remota ou não, com as condições que 2020 nos ofereceu, encerramos o ano com a sensação de termos feito o melhor que pudemos. Ao mesmo tempo em que demos voz ao movimento ambientalista de Fortaleza, que defendeu as dunas da Sabiaguaba de um projeto que poderia causar danos irreversíveis aos Serviços Ecossistêmicos daquele ambiente natural à Cidade, também ouvimos a dor dos ambientalistas do Cariri cearense ao acompanharmos a aprovação de uma Lei que tem um potencial catastrófico para o equilíbrio socioambiental da cidade do Crato. Foi difícil, mas estivemos presentes.

Nós temos consciência que um ano termina e outro começa, conforme o calendário gregoriano e isso não muda muita coisa. Mas estes marcos temporais sempre sinalizam um momento para reflexão e uma nova oportunidade de mudança, dentro de nós e no mundo que nos cerca. É com este espírito, de sempre procurar fazer o melhor, da melhor forma, que encerramos 2020, acreditamos que podemos cumprir a nossa missão de uma forma ainda melhor em 2021. E este é o nosso desejo para cada pessoa que acompanha e acredita no trabalho que realizamos na Eco Nordeste!

Feliz 2021!

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