Chegada das águas do São Francisco ao Ceará não tem mais prazo

Segundo o Ministério da Integração, as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco estão em fase final com mais de 97% dos serviços concluídos | Foto: Maristela Crispim

 

A entrega do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), prevista para hoje (28), deve ficar para a gestão do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, no início deste mês, tinha confirmado cerimônia para até esta data. A Pasta confirmou, no entanto, que não há nenhum evento agendado para os próximos dias.

Esta é a quinta vez que a entrega das obras do Eixo Norte é adiada. A última previsão era que as águas chegassem ao Ceará neste mês de dezembro, mas o atraso se deu pela reparação do vazamento que aconteceu no dique da barragem de Negreiros, em Salgueiro (PE), detectado no dia 16 de agosto.

Após três meses do incidente, o Ministério da Integração Nacional admitiu que isso prejudicou o cronograma e divulgou o prazo até 28 de dezembro de 2018. No entanto, a chegada das águas ao solo cearense demoraria ainda entre dois e três meses, já que as barragens Negreiros, em Salgueiro, e Jati, no município homônimo, devem ficar cheias antes de transportar o recurso hídrico.

Fase final

Segundo o Ministério da Integração, as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco estão em fase final com mais de 97% dos serviços concluídos. Todas as grandes estruturas para conduzir a água aos estados beneficiários estão prontas, como estações de bombeamento, túneis, aquedutos e canais. Os trabalhos remanescentes continuam com turnos 24 horas, sobretudo no trecho entre os municípios de Salgueiro (PE) e Jati (CE).

Atualmente, as águas do “Velho Chico” já avançam por 80 quilômetros no Eixo Norte, por meio de canais e outras estruturas – da captação, em Cabrobó (PE), até a terceira estação de bombeamento (EBI-3), em Salgueiro (PE). No trajeto, o Eixo Norte vem atendendo comunidades rurais nos municípios pernambucanos de Cabrobó e Terra Nova.

No Estado do Ceará

Em solo cearense, as águas do São Francisco seguirão de Jati, pelo Cinturão das Águas do Ceará (CAC), obra do governo do Estado, por meio do chamado “eixo emergencial”, que percorre 53 quilômetros em canais, túneis e sifões e seguirão pelo Riacho Seco, em Missão Velha. Deste, desembocarão no Rio Salgado, fluindo até o Açude Castanhão que, pelo Eixão das Águas, abastece a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Razões dos atrasos

O Ferreira Guedes – Toniolo, Busnello, que assumiu no último mês de maio, é o terceiro consórcio diferente que trabalha no Eixo Norte do Pisf nos últimos dois anos.

Em junho de 2016, a Mendes Júnior comunicou sua incapacidade técnica e financeira em executar os seus dois contratos. A empresa deixou dívidas milionárias com fornecedores de alimentos, aluguel de veículos e hospedagem, entre outros. Isso gerou uma série de protestos dos comerciantes locais, inclusive com depredação das instalações dos canteiros de obras.

Após ser anunciado o vencedor do processo de licitação, em fevereiro de 2017, o Consórcio Emsa-Siton teve que aguardar a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmén Lúcia, suspender, no dia 20 de junho, a decisão pelo desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que impedia a continuidade das obras. As contrações só iniciaram em julho e a obra foi retomada em agosto. Até então, a previsão para conclusão era no início de 2018.

Hoje, a Meta 1N do Eixo Norte conta com cerca de 1.900 trabalhadores, em Salgueiro (PE) e Penaforte (CE). No entanto, a própria Ferreira-Guedes teve também que conviver com protestos pelos antigos empregados da Emsa-Siton e de empresas terceirizadas, que cobravam salários atrasados. No dia 1º de junho, a entrada do canteiro de obras no município cearense foi bloqueada. A manifestação durou cinco dias.

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