Mancha de petróleo cru oferece risco aos banhistas no litoral do Nordeste

Por Alice Sales
Colaboradora

O relatório apresentado pelo Ibama, na última terça-feira, aponta que já são 115 localidades do Nordeste afetadas pelo desastre, contando 55 municípios de oito Estados

Agentes comunitários e população local estão recebendo treinamento prévio da Petrobras para colaborarem com os serviços de limpeza das praias | Foto: Nalu Maia Dias

Fortaleza – CE. Os impactos do derramamento de petróleo cru no mar dos litorais do Nordeste seguem trazendo consequências ao meio ambiente. De acordo com o boletim de balneabilidade extraordinário divulgado, na última terça-feira (1º), pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), dentre as 35 praias cearenses submetidas à análise, sete estão impróprias para banho por causa da presença de óleo.

Segundo as amostras coletadas no exame, não estão balneáveis as praias:

  • Cumbuco (Caucaia)
  • Taíba (São Gonçalo do Amarante)
  • Paracuru (Paracuru)
  • Flexeiras e Mundaú (Trairi).
  • Porto das Dunas (Aquiraz)
  • Pontal de Maceió (Fortim)

Na análise anterior, referente as amostras coletadas em julho, todas as praias atualmente impróprias estavam em condição favorável para o banho e atividades de esporte e lazer.

Algumas áreas foram reprovadas pela Semace, independentemente do exame, por causa da ocorrência de óleo na areia. “Embora os valores de coliformes termotolerantes estejam dentro dos critérios estabelecidos, os pontos de amostragem foram considerados impróprios em função da presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleo, graxas e outras substâncias”, revela o boletim.

De acordo com o gerente de Análise e Monitoramento da Semace, Gustavo Gurgel, “o banhista deve ficar atento para uma possível volta do óleo à praia e evitar o banho, sem a necessidade do exame da Semace”.

O relatório apresentado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na última terça-feira, aponta que já são 115 localidades do Nordeste afetadas pelo desastre, contando 55 municípios de oito Estados com registros do derramamento de óleo. Somente o litoral da Bahia não foi prejudicado.

O Ibama requisitou apoio da Petrobras para atuar na limpeza de praias. Agentes comunitários e pessoas da população local estão recebendo treinamento prévio da empresa para colaborarem com os serviços de limpeza. No entanto, o número efetivo de mão-de-obra dependerá da quantidade de pessoas treinadas disponíveis nas áreas.

Investigação

Um inquérito instaurado pela Policia Federal deve investigar a origem do derramamento de petróleo cru no litoral do Nordeste. As investigações estão concentradas na Superintendência Regional da Policia Federal no Rio Grande do Norte, contando com a participação das áreas de combate aos crimes ambientais, de inteligência e de perícia.

Segundo investigação inicial, o material que está poluindo as praias tem a mesma origem, entretanto ainda não é possível afirmar de onde veio.

A Marinha do Brasil informou que as substâncias encontradas na costa nordestina passam por avaliação a fim de detectar o tipo de material encontrado e descobrir de qual bacia sedimentar foi coletado.

Fauna atingida

Em boletim atualizado no último dia 30, o Ibama afirma que pelo menos 11 tartarugas marinhas e uma ave identificada como bobo – pequeno (Puffinus puffinus) foram afetadas pelo petróleo cru no litoral do Nordeste. Segundo o Grupo de Estudos e Articulações sobre Tartarugas Marinhas (Gtar), do Instituto Verdeluz, responsável pelo resgate dos animais oleados no Ceará, já se contabiliza seis tartarugas afetadas pelo petróleo cru encontradas na costa cearense.

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