Desde o dia 22 de fevereiro, uma postagem, numa rede social, do professor de Física da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Alexandre Araújo Costa, a partir de foto tirada por Iderlandio Morais, do Movimento Pró-Árvore, compartilhada pelo ator Ari Areia, vem tendo bastante repercussão nas redes sociais. Causou perplexidade em muitos internautas a criação de jardins de plástico ao longo do corredor expresso de ônibus da Avenida Bezerra de Menezes.
“Além do absurdo que é usar o espaço que poderia ser de plantas de verdade, a palmeira e o gramado de plástico da Prefeitura de Fortaleza têm outro grave problema: sob ação do sol e do desgaste físico, esse material vai soltar fragmentos de macro e microplástico. Arrastados pelas chuvas, esses fragmentos vão parar onde? Nos rios, lagoas, no lençol freático e, claro, no mar. Quando já é reconhecido que o plástico é uma calamidade ecossistêmica global, o gestor que adota uma medida dessas é, além do mau gosto, de uma irresponsabilidade e insensatez sem tamanho”, afirmou o professor Alexandre, em sua postagem.
Após grande repercussão a respeito, a Prefeitura Municipal de Fortaleza informou que o ocorrido foi uma ação isolada da empresa terceirizada que administra o corredor e os terminais de ônibus, a Socicam Administração Projetos e Representações, e que a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) nem havia sido comunicada a respeito.
Em seguida, apressou-se em fazer a substituições das plantas artificiais por naturais, nos canteiros da avenida. A Assessoria de Comunicação da Prefeitura ressaltou, ainda, que “desde 2013, quando a atual gestão entrou, a área verde da Cidade passou de quatro metros quadrados por habitante para oito”.
E citou dois programas: “Uma Árvore na Minha Calçada“, por meio do qual a pessoa pode ligar para a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e solicitar uma visita para a análise e plantio; e o “Uma criança, uma árvore“, pelo qual cada mulher que dá a luz a uma criança nos hospitais da rede pública, ao receber alta ganha uma muda para plantar em sua residência.
“São inadmissíveis os jardins de plástico, por diversas questões que vão desde a estética, poluição e questões ambientais, mas a que pega mais, pelo menos para mim, é sobre o descumprimento da compensação ambiental, prevista por lei, das árvores ali retiradas durante a construção do corredor de ônibus da avenida. Cortam árvores adultas e se compensa com plástico?”, questiona a professora universitária e integrante do Movimento Pró-Árvore, Bilica Leo.
“O jardim já está lá há pelo menos seis meses e a Prefeitura alega que não sabia de nada, que não foram eles. Entendemos a dificuldade em encontrar plantas que resistam àquela situação hostil, com muito calor, aridez e um forte vento causado pelos ônibus que passam perto demais. No entanto, basta pesquisar e pensar um pouco, naquele local ficaria bem interessante um jardim do tipo xeroscape, com cactáceas e suculentas, que se adaptariam bem àquela situação adversa. Ficaria bonito e durável, além de demandar pouca manutenção”, afirma o advogado Leonardo Jales Leitão, também do Movimento Pró-Árvore.