Cuidado com tartarugas no Litoral Sul Potiguar é redobrado

Há três anos uma equipe de pesquisadoras da Oceânica realiza o monitoramento da temporada reprodutiva de tartarugas marinhas nas praias de Búzios e Tabatinga | Foto: Ernani Silveira

Búzios e Tabatinga – RN. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) é uma espécie criticamente em perigo de extinção, que faz das areias de Búzios e Tabatinga, no Litoral Sul Potiguar, um berçário para centenas de tartaruguinhas no verão. Desde 2017, a Oceânica realiza o monitoramento sistemático dos ninhos como uma linha de ação do Projeto Ponta de Pirangi – patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.

A primeira temporada monitorada pelo Ponta de Pirangi foi de fevereiro a julho de 2018. Nesse período, a equipe monitorou 54 ninhos e 5.111 filhotes de tartarugas. A segunda, de dezembro de 2018 a julho 2019, mostrou o potencial de Búzios: 114 ninhos e 10.700 filhotes acompanhados em segurança até o mar.

O monitoramento da temporada reprodutiva (2019/2020) começou em dezembro de 2019 e até então foram registrados 49 ninhos. Porém a partir de setembro, o derramamento de petróleo em nossa costa aumentou preocupação. “A toxicidade do petróleo pode impactar as tartarugas marinhas em todos os seus estágios de vida, por este motivo, o monitoramento, após o derramamento é ainda mais necessário, principalmente nestas praias, que foram as mais atingidas do Litoral do Rio Grande do Norte” afirma Jéssica Paiva, coordenadora de monitoramento de tartarugas marinhas de Búzios.

Todos por um ninho

A cada ninho encontrado pela equipe de pesquisadoras, é feita uma marcação com estacas numeradas que servem tanto para identificação e acompanhamento, como para sinalizar aos visitantes da praia a presença de um ninho. As atividades de campo acontecem a partir das 5h30 da manhã e, com sorte, é possível acompanhar tartarugas fêmeas em momento de desova.

“Encontramos os ninhos por meio dos rastros das fêmeas, fazemos medições relacionadas às nossas pesquisas, demarcarmos a localização e monitoramos os ninhos até a eclosão dos ovos. Garantir que as tartarugas enfrentem somente os obstáculos naturais tem sido nosso maior desafio”, conta Jéssica Paiva.

Para que a praia ofereça segurança aos ninhos, os moradores, frequentadores e turistas que visitam Búzios e Tabatinga podem colaborar tomando cuidados simples, entre eles evitar passar próximo ao ninho, não mexer na estaca de marcação e na cerca que fica ao redor, não permitir que animais domésticos entrem no cercado e que veículos transitem na praia, diminuir a iluminação de refletores das casas e estabelecimentos de praia e cuidar do lixo, seja ele orgânico ou não.

Educação Ambiental

Por meio de um diálogo constante, a Oceânica trabalha na sensibilização da comunidade para importância de conservar o ambiente marinho. “Essa espécie fez de Búzios seu berçário e por isso devemos nos orgulhar e proteger ao máximo para que volte a povoar os mares e equilibrar nosso ecossistema”, aconselha Lígia Rocha, coordenadora do Projeto Ponta de Pirangi.

Essas informações se tornaram base para atividades de educação que a Oceânica realiza com moradores, estudantes, turistas e demais interessados. Com elas foram produzidos materiais como o cartaz, “A riqueza da Praia de Búzios”, que foi distribuído em todos os pontos comerciais, escolas e associações da área; e a exposição fotográfica “Um berçário na Praia de Búzios”, criada pela Oceânica para divulgar os resultados do monitoramento e chamar a atenção aos impactos ambientais locais e de escala global que interferem no ciclo de vida das tartarugas marinhas. Mais de 600 pessoas já puderam conhecer e se encantar.

“São realizadas também solturas públicas de filhotes de tartarugas marinhas. Esta atividade tem um fim educativo e de sensibilização para que a comunidade e os visitantes possam presenciar uma cena que evidencia a riqueza da praia de Búzios, a fragilidade da espécie e a necessidade de sua conservação”, revela Jéssica.

Oceânica – Pesquisa, Educação e Conservação

A Oceânica foi fundada em 2002 com o objetivo de fomentar o uso sustentável dos recursos marinhos, integrando pesquisa científica, educação e práticas de conservação. Sua missão é “buscar a conservação dos ecossistemas costeiro-marinhos, por meio da pesquisa, educação e governança, respeitando a cultura e promovendo o bem-estar humano atual e das gerações futuras, de forma integrada e participativa com a sociedade”.

Sua principal área de atuação é o Litoral Potiguar. Realiza pesquisas sobre a Biodiversidade Marinha e o processo de ocupação da costa, campanhas de mobilização da sociedade, fóruns de discussão para ordenamento do uso, ocupação e conservação do litoral, além de participação direta em redes, fóruns, conselhos e comitês no RN que envolvam a zona costeira, unidades de conservação, pesca artesanal, educação ambiental, urbanismo e meio ambiente.

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