Aquasis comemora 27 anos de trabalho pela fauna no Ceará

Iparana / Icapuí / Guaramiranga / Crato – CE. A Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) celebrou, nesse neste 7 de abril, 27 anos de caminhada, trabalho e dedicação, que trouxe bons frutos para a história da conservação ambiental no Ceará. Não é à toa que a instituição se tornou uma das mais importantes do País no que diz respeito ao compromisso com o meio ambiente e, principalmente, o profissionalismo de seus colaboradores.

A data também marca 20 anos de parceria com o Sistema Fecomércio / Serviço Social do Comércio (Sesc), que garantiu apoio para as diversas ações promovidas durante todo esse tempo. Há, ainda, outras instituições parceiras; as comunidades que abraçam cada uma das atividades e contribuem direta e/ou indiretamente para o sucesso de cada uma delas.

Biólogo e gerente de programa, Fábio Nunes destaca que há 27 anos a Aquasis vem lutando para evitar extinções de espécies, especialmente no Ceará, na busca pelo equilíbrio entre as atividades humanas e a conservação da Biodiversidade.

“Nesses 27 anos, centenas de projetos em beneficio da nossa fauna cearense e seus ambientes foram planejados e executados. Ajudamos a recuperar populações de espécies ameaçadas, criamos áreas protegidas e, talvez o mais importante, contribuímos para a ampliação da consciência de milhares de pessoas sobre a importância do meio ambiente para nossas vidas”, ressalta.

“27 anos atrás, a população do Planeta era de 5,5 bilhões de habitantes, hoje estamos a caminho de 8 bilhões, e em 2046 poderemos chegar à marca de 9 bilhões. Se hoje os desafios para atender demandas globais por alimento e água potável já são imensos, imaginem em 2046? Precisamos estar preparados, manter/recuperar nossos ecossistemas, evitar extinção de espécies, pois só por meio deles garantiremos os serviços ambientais que sustentam nossa existência e podem, inclusive, diminuir desigualdades sociais. Os desafios são muitos, mas somos guiados por convicções fortes, buscando reparar erros históricos e recorrentes, e garantir o direto de existência de outros seres vivos”, conclui.

“Estou na Aquasis desde de 2018. A princípio no Projeto Manatí, me apaixonei pela instituição. Todos os projetos que desenvolve nos empolgam e nos fazem querer continuar. A gente vê no rosto dos voluntários a vontade de fazer parte, isso de quem está na Aquasis desde o começo, até de quem chegou agora”, afirma Mika Holanda, assessor de comunicação da ONG.

Trajetória

A Aquasis tem sua origem no antigo Grupo de Estudos de Cetáceos do Ceará (GECC), fundado por estudantes e professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual do Ceará (Uece) em 1992, que tinha como foco inicial os estudos sobre a mortalidade e biologia do boto-cinza no litoral de Fortaleza. Em 1994 a instituição foi criada por membros deste grupo, e ambos passaram a coexistir com sede no Instituto de Ciências do Mar (Labomar)/UFC.

Ao longo do tempo, as atividades se expandiram para outras regiões do Estado, onde os encalhes e resgates passaram a ser feitos, bem como surgiram importantes parcerias com organizações nacionais e internacionais.

Em 2001, inaugurou sua nova sede e o seu Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos (CRMM), em parceria com o Sesc Ceará, em Iparana, Caucaia. O GECC então deu lugar ao Programa de Mamíferos Marinhos (PMM) e nos anos seguintes novos projetos surgiram com foco na conservação de outras espécies ameaçadas de extinção no Ceará, especialmente de aves, dando origem ao Programa de Biodiversidade.

O convênio com o Sesc também originou o Projeto Brigada da Natureza, que desde então atua com foco na Educação Ambiental e arte-educação de crianças e jovens em situação de risco no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Em meados dos anos 2000, houve o desdobramento e criação de importantes projetos, como o Projeto Soldadinho-do-Araripe, na Chapada do Araripe; o Projeto Periquito-Cara-Suja, no Maciço de Baturité; e Projeto Aves Migratórias do Nordeste, no Litoral Leste, que trouxeram grande visibilidade e êxito em estratégias de conservação dessas espécies. Cada projeto se desenvolveu incorporando novos membros nas suas equipes e instalando bases de apoio próprias.

Atualmente, a Aquasis continua com sua sede principal no Sesc Iparana, em Caucaia, e conta com bases de apoio em Guaramiranga, Crato e Icapuí, onde as equipes atuam em projetos de conservação e pesquisa com ênfase em cinco espécies-alvo ameaçadas de extinção: o peixe-boi-marinho, o boto-cinza, o soldadinho-do-Araripe, o periquito-cara-suja e o maçarico-de-papo-vermelho.

“Tivemos grandes conquistas ao longo dos 27 anos de história da Aquasis, mas ainda há muito a ser feito a médio e longo prazo, sendo crucial o envolvimento da sociedade civil, agentes públicos, parceiros e outros múltiplos atores para auxiliar a mitigar os crescentes impactos ao meio ambiente e possibilitar a recuperação do status desses animais e dos seus habitats”, afirma Vitor Luz Carvalho, gerente do Programa de Mamíferos Marinhos e vice-presidente da Aquasis.

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