Produtos apresentam vantagem competitiva de até 143% em relação ao agronegócio tradicional, além de combater a pobreza rural e fixar as famílias no campo.
Fortaleza – CE. É do campo que vem a maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. No Ceará, não é diferente. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) estima que o Estado tenha aproximadamente 1,4 milhão de agricultores integrando unidades familiares de produção rural.
A importância deste ramo da agropecuária acaba contribuindo para que jovens do sertão invistam em pequenos negócios locais, transformando a realidade da sua região e ainda evitando o êxodo para as grandes cidades.
É o caso de Jéssica Gama. Formada de Agronomia, ela reside em Serrota, no município de Pentecoste, no Norte do Ceará. Pensando em construir uma agricultura mais sustentável, ela planta grãos e pretende trabalhar na produção de frutíferas e hortaliças agroecológicas.
“Como moramos na zona rural e sabemos da dificuldade de conseguir um emprego perto de onde vivemos, a questão de ter uma atividade com renda e que também ocupa meu tempo se torna uma grande oportunidade para a permanência no interior”, destaca a jovem.
Jéssica está entre os mais de 3 mil beneficiados pelo Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER), desenvolvido pela Agência de Desenvolvimento Local (Adel) ao longo de 10 anos. Ele forma e apoia jovens rurais para que eles se tornem empreendedores e protagonistas nas comunidades onde vivem.
“A Adel foi fundada como um empreendimento social para apoiar pequenos produtores locais organizados em associações comunitárias e cooperativas locais melhorando suas formas de produzir e também seus resultados. A partir de 2009, passou a dar especial atenção ao empreendedorismo de jovens dessas comunidades”, explica o diretor de desenvolvimento da Adel, Gláucio Gomes.
Sustentabilidade e renda
Em estudo divulgado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) das Nações Unidas, em que se destaca o potencial da agricultura familiar e suas vantagens comparativas no combate à pobreza rural, observou-se que, em comparação com o agronegócio tradicional, os produtos da agricultura familiar apresentam uma vantagem comparativa entre 43% e 117% do retorno da renda para a comunidade de origem.
Além disso, seus produtos também podem ter uma qualidade diferenciada, sendo geralmente caracterizados como produtos não industrializados ou mesmo orgânicos, o que pode até representar um grande potencial de aumento de vendas, considerando a tendência crescente de consumo consciente.
Também beneficiado pelo PJER, João Paulo de Almeida tem contribuído para o desenvolvimento da localidade Coité Pedreiras, em Caucaia, por meio da plantação de itens como coentro, cebolinha, tomate, alface, beterraba e cenoura. Ele participa da Rede Solidária Agroecológica, que reúne quintais produtivos com objetivo da geração de renda para as famílias participantes, promoção de práticas agroecológicas e alimentação saudável.
Subsistência
Além de movimentar a economia local, a produção familiar abastece os lares dos próprios produtores. Samuel Mesquita, do assentamento Laura Muquém, que abriga 40 famílias no município de Tejuçuoca, exerce a agropecuária em pequena escala plantando milho e feijão. Ele pensa em investir na criação de galinha caipira para comercializar e gerar lucro.
“Na avicultura eu vi uma oportunidade de gerar trabalho e mais renda para minha família. E também pela necessidade de colocar um produto saudável para o consumidor da minha região. E vendo também o ponto fraco de distribuição desse produto, me despertou ainda mais o interesse de investir na área, pois a demanda é grande”, comenta o agricultor.
Samuel pretende buscar formas de crédito para a construção de seu aviário e também deseja obter assistência para exercer a atividade de forma correta e proveitosa, sabendo os cuidados a serem tomados com higiene, alimentação e medicação dos animais.
Mais informações: www.adel.org.br