Agricultores familiares trocam saberes e afetos

O V Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores (Enae), que vai até o dia 15 de fevereiro, viveu uma manhã de descobertas e trocas entre os participantes, que se dividiram em dez grupos para conhecerem diversas experiências agroecológicas e socioculturais em diferentes municípios do Cariri cearense.

O Sítio Catolé, localizado na Zona Rural de Milagres, abriga 42 famílias. Entre elas, a única que pratica a Agroecologia é a de José Abílio Ferreira da Silva, 53; e Águida da Silva Ferreira, 44. Eles vivem com duas filhas, Ariane, 9; e Jordânia,17. A filha Josiana, 24, é casada e tem um filhinho, Heitor, 4.

José Abílio conta que a produção familiar passou por uma transformação. Antes, se dedicava à criação de caprinos e fazia aquele plantio de sequeiro que broca e queima a vegetação todo ano para cultivar milho, feijão e mandioca, no período chuvoso. Em 2012 parou com essa prática. Pela primeira vez brocou e não queimou.

Em 2014, a família de José Abílio recebeu a cisterna de primeira água (para as necessidades básicas da família). Depois seu pai, Abílio Antônio da Silva, 83, passou a contar com uma barragem subterrânea (para a produção). Na sequência, José Abílio conquistou um Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais); e a segunda água (também para produção) por meio de uma Cisterna de Enxurrada.

Por último, veio o Sistema Reúso de Águas Cinzas. Resultado do banho, lavagem de louça e roupa, passa por todo um processo até ser utilizada na irrigação das espécies arbóreas, que têm raízes profundas. Todos os dias, ele enche uma caixa de mil litros e, no fim de semana, quando tem lavagem de roupa, enche duas vezes.

Seu José Abílio aprendeu a produzir e armazenar feno; fazer adubo com cinza, leite, rapadura e esterco; e defensivo com angico, pimenta e nim indiano; e muitas outras coisas. O resultado é um quintal verde e produtivo o ano inteiro. A variedade é tão grande que ele não consegue enumerar. O agricultor familiar foi tendo acesso às tecnologias, adaptando e aperfeiçoando às suas necessidades.

Do quintal, a família retira praticamente tudo o que consome e ainda comercializa na Feira Agroecológica de Milagres e também com os vizinhos, conta dona Águida. A renda familiar é completada com o Bolsa Família.

Com a Assistência Técnica da Associação Cristã de Base (ACB) e o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), a família produz mudas de espécies nativas, frutíferas, legumes, verduras, medicinais, além de criar abelhas, galinhas e caprinos.

José Abílio revela, com orgulho, que vem de uma família de nove irmãos, todos dedicados à agricultura e que seu pai, Abílio Antônio, que acompanhou toda a visita, é seu grande incentivador.

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