A exposição retrata, a partir de fotografias feitas com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú (Itapipoca – CE), os modos de vida, saberes, a ligação com a Mãe Terra e o respeito à vida que marcam a história e a vida dos povos originários do Ceará | Foto: Marcos Vieira

Fortaleza – CE. Depois de sete meses transitando entre os campi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), voltou a Fortaleza, nessa sexta-feira (7), a exposição fotográfica Iandé Á’Tã Joaju — Juntos Somos Fortes, no campus de Fátima, com visitação gratuita.

A exposição, que fica aberta até o dia 7 de abril, retrata, a partir de fotografias feitas com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú (Itapipoca – CE), os modos de vida, saberes, a ligação com a Mãe Terra e o respeito à vida que marcam a história e a vida dos povos originários do Ceará.

“Para nós Tremembé da Barra do Mundaú, esta exposição de fotografias tem um significado importante para a luta que fazemos em defesa de nosso território, pois a mesma retrata elementos que mantém viva a nossa esperança de um dia termos nossa terra demarcada”, afirma a jovem liderança indígena Mateus Tremembé. E continua: “estamos super felizes por ver a nossa cultura e tradição sendo apreciadas e expostas dentro da Universidade Estadual do Ceará”.

As fotografias da exposição Iandé Á’Tã Joaju — Juntos Somos Fortes são do sociólogo e fotógrafo Marcos Vieira, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Sobre elas, o jornalista e escritor Flávio Paiva escreve, na apresentação da exposição, que são “essencialmente uma reafirmação do lugar do olhar imerso em matizes culturalistas, aproximando o que está dentro com o que está fora da imagem”. Ainda segundo Flávio, “cada imagem captada por ele não é apenas um gesto de corte do real, mas uma religação de histórias, de memórias e de imaginários”.

Exposição itinerante

O percurso da exposição pelos campi da Uece começou no Campus Itaperi, em Fortaleza, seguindo para os demais campi distribuídos pelo Ceará, com o objetivo não apenas da apreciação das fotografias, mas, sobretudo, de refletir sobre as populações indígenas, reafirmando a universidade pública enquanto o espaço de discussão e de democratização dos saberes.

De Fortaleza, a exposição seguiu para Itapipoca, na Faculdade de Educação de Itapipoca (Facedi); Tauá, no Centro de Educação, Ciências e Tecnologia da Região dos Inhamuns (Cecitec); Crateús, na Faculdade de Educação de Crateús (Faec); Iguatu, na Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (Fecli); Limoeiro do Norte, na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam); e Quixadá, na Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc). Para finalizar o ciclo itinerante em parceria com a Uece, a exposição retorna à Fortaleza, dessa vez no Centro de Humanidades.

A exposição é realizada pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), por meio do projeto Ação Tremembé, em parceria com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú e apoiado pela União Europeia, Governo do Estado do Ceará, pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e Uece.

Ação Tremembé

O Projeto Ação Tremembé realizou, durante três anos (2016-2019), com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú, ações para potencializar a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas cearenses e, em especial, do Povo Tremembé da Barra do Mundaú | Foto: Marcos Vieira

O Projeto Ação Tremembé realizou, durante três anos (2016-2019), juntamente com o Povo Tremembé da Barra do Mundaú, ações com o intuito de potencializar a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas cearenses e, em especial, do Povo Tremembé da Barra do Mundaú.

Foram três anos de muito aprendizado, troca de conhecimento, fortalecimento das articulações e ampliação da visibilidade da luta pela terra — realizada a partir da campanha Iandé Á’tã Joaju — Juntos Somos Fortes! Pela demarcação imediata da terra indígena Tremembé da Barra do Mundaú, que também dá nome à exposição.

“O Projeto Ação Tremembé, trouxe a mensagem de que eu poderia ir muito além das cercas da comunidade, que o Ceará ou Brasil não são o meu limite, que meus sonhos podem sim ser realizados, e que eu sou o responsável por luta por eles. Mostrou-me também que eu poderia produzir minha própria comunicação, e é isso que faço. Suas formações despertaram em mim o interesse em fazer fotografia, vídeos, danças e acima de tudo, possibilitou o meu desenvolvimento como Luan de Castro, o jovem indígena que produz comunicação indígena”, conta Luan de Castro, jovem Tremembé.

Serviço

O que: Exposição Fotográfica Iandé Á’Tã Joaju — Juntos Somos Fortes
Quando: Até 7 de abril – das 8h às 17h – de segunda a sexta-feira
Onde: Centro de Humanidades – no Campus Fátima da Uece – Fortaleza – CE
Entrada gratuita

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