‘Monitoramento técnico rigoroso deve ser feito diariamente’, diz Marina Silva

A ambientalista, ex-senadora, candidata a presidente da República pela Rede nas últimas eleições, Marina Silva, declarou, com exclusividade à Agência Eco Nordeste, que é fundamental que seja feito um monitoramento técnico diário rigoroso para avaliar o alcance e as proporções do impacto e os riscos de atingir o Rio São Francisco | Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil

 

Por Alessandra Castro
Colaboradora

 

Na noite deste domingo (27), o número de mortos em consequência do rompimento da barragem da Vale chegou a 58. Cerca de 305 pessoas ainda estão desaparecidas e 195 foram resgatadas com vida, conforme o último boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Em meio à lama de minério que se espalha pela região, animais atingidos agonizam e buscam um local para sobreviver.

Dois dias após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, o cenário de catástrofe na região só aumenta. Animais agonizam presos em meio à lama de minério que se espalha, seguindo o fluxo do Rio Paraopeba – um dos afluentes do Rio São Francisco. Os danos causados a flora e a fauna dos ecossistemas atingidos pelos rejeitos são inestimáveis.

Em nota, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou, na última sexta-feira (25), que a barragem da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, distante cerca de 300 Km do local de Brumadinho, será utilizada para tentar conter os rejeitos de minério.

Em visita ao local do desastre, a ambientalista, ex-senadora, candidata a presidente da República pela Rede nas últimas eleições, Marina Silva, declarou, com exclusividade à Agência Eco Nordeste: “é fundamental que seja feito um monitoramento técnico diário rigoroso para avaliar o alcance e as proporções do impacto e os riscos de atingir o Rio São Francisco para que todas as medidas possíveis de prevenção e reparação sejam tomadas a tempo”.

No sábado (26), o geólogo e professor doutor em Geografia Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, afirmou que os rejeitos da barragem “chegarão até a Bacia do Rio São Francisco de qualquer forma”, o que fará a contaminação aos ecossistemas se espalhar.

Meireles explicou que isso ocorrerá porque a lama de minério já atingiu o Rio Paraopeba, que deságua no Velho Chico. E, mesmo que os técnicos tentem conter os rejeitos na Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, quando houver precipitações de chuva acima da média, a barragem da Usina vai sangrar, “e os rejeitos vão sair misturados à água”, em direção ao São Francisco, até chegarem ao mar.

Leia aqui a matéria anterior.

Ainda no sábado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou a Vale em R$ 250 milhões pelos danos causados ao meio ambiente em decorrência do rompimento da barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho. Ao todo, o Ibama aplicou cinco autos de infração à empresa, no valor de R$ 50 milhões cada – o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. Além disso, a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão da mineradora para amparo às vítimas e redução das consequências causadas pelo desastre.

O governo de Minas de Gerais também suspendeu todas as atividades da mineradora Vale na região de Brumadinho. Lá, a Vale tem mais outras barragem. A Defesa Civil mineira, inclusive, chegou a informar que o nível de criticidade da barragem VI, da Vale, também em Brumadinho, havia aumentado, com um maior nível de água sendo acumulado no local.

No entanto, ainda neste domingo, a Vale divulgou uma nota informando que a Defesa Civil baixou o nível de criticidade da barragem VI, de 2 para 1.

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