Por Maristela Crispim
Editora-chefe
Há cerca de 4,54 bilhões de anos, a Terra e os outros planetas do Sistema Solar formaram-se a partir da nebulosa solar, um disco formado por poeira e gás que sobrou da formação do Sol.
Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os humanos, é o único corpo celeste onde é conhecida a existência de vida. As propriedades físicas do Planeta, assim como sua história geológica e órbita, permitiram que a vida não só exista, mas evolua.
A opinião dominante entre os cientistas sobre a origem dos humanos anatomicamente modernos é a “hipótese da origem única”, segundo a qual o Homo sapiens surgiu na África e migrou para fora do continente em torno de há 50 mil a 100 mil anos.
Ou seja, o Planeta existe há muito tempo e foi evoluindo até oferecer todas as condições de existência de vida como em nenhum outro lugar do universo conhecido por nós. O ser humano veio muito depois disso, depende de todo este equilíbrio e, em tão pouco tempo de existência, já foi capaz de causar impactos gigantescos nesta harmonia.
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O ex-senador americano Gaylord A. Nelson, conhecido pelo ativismo ambiental nos anos 1960, foi o principal articulador da criação do Dia da Terra, em 1970. No fim de 2009, a Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU) determinou que o Dia Internacional da Mãe Terra, popularizado como Dia da Terra, seria celebrado todo 22 de abril, ou seja, hoje.
Os países signatários expressaram preocupação com os impactos negativos na natureza resultantes da atividade humana e convidaram à promoção de atividades e troca de informações para uma convivência harmônica com a natureza.
No programa da ONU “Harmonia com a Natureza“, a Assembleia Geral reconhece que o esgotamento dos recursos naturais do mundo e a rápida degradação ambiental são resultado de padrões insustentáveis de consumo e produção, que tiveram consequências adversas para o equilíbrio ambiental e para a saúde e o bem-estar geral da humanidade.
Tripla crise planetária
Os pesquisadores têm separado a crise planetária em três frentes:
Mudanças climáticas
Segundo relatório divulgado em 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), o aprofundamento das mudanças climáticas já é um fato inegável. A sociedade está longe de atingir a meta estabelecida no Acordo de Paris, assinado em 2015, e limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C, preferencialmente, ou mesmo menos de 2°C, no máximo, em comparação aos níveis pré-industriais.
Segundo os especialistas que elaboraram o documento, o aquecimento global antropogênico (induzido pelo ser humano) e na quantidade de mais de 1°C, já levou a mudanças nas zonas climáticas, nos padrões de chuva; ao derretimento das camadas de gelo e das geleiras, aumento acelerado do nível do mar e eventos extremos mais frequentes e intensos, ameaças às pessoas e à natureza.
Perda de espécies
Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão em perigo de extinção. Em seu relatório de 2019, a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) foi contundente sobre o dramático declínio da biodiversidade.
O documento, construído por 145 especialistas de 50 países, adverte que a diversidade de espécies está diminuindo globalmente num ritmo sem precedentes na história humana, o que vem causando graves impactos sobre as pessoas em todo o mundo.
Poluição
Para destacar apenas um dado, o relatório “Fazer as Pazes com a Natureza”, do Pnuma, revela que 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, iodo tóxico e outros resíduos industriais entram nas águas do mundo a cada ano, o que coloca a saúde planetária em sério risco.
Terra saudável, humanos saudáveis
A tripla crise planetária representa um risco para a espécie humana. Segundo dados da ONU, 75% das doenças infecciosas emergentes que afetam os seres humanos são de origem animal.
A este respeito, relatório do Pnuma afirma que doenças originadas em animais selvagens e domésticos (zoonoses) representam um perigo para a saúde humana e a economia, como a pandemia de Covid-19 nos mostrou.
Mudanças climáticas, fragmentação do uso da terra, intensificação agrícola, desmatamento e comércio legal e ilegal de animais silvestres aumentam o risco de se gerar novas zoonoses.
Por isso, o relatório enfatiza que a saída é pensar e agir com uma abordagem de “Uma só saúde“, que trata o bem-estar humano como algo interconectado com a saúde dos animais, das plantas e do meio ambiente que compartilhamos.
Reencontro
A data idealizada por Nelson e referendada pela ONU é estratégica para promover uma reflexão sobre a relação entre o ser humano e a natureza. “A humanidade declarou uma guerra à natureza, que é tão insensata quanto suicida”, alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, no relatório “Fazer as Pazes com a Natureza”.
Embora as perspectivas não sejam as melhores, ainda podemos mudar no sentido de reduzir as agressões e mitigar os danos já causados. O Dia da Terra é uma oportunidade de virada, de reconexão com a natureza para a sobrevivência da própria espécie humana.
Precisamos tomar medidas firmes e constantes para fazer a diferença para economia, produção e consumo mais sustentáveis. Isso determina as decisões dos governos e empresas para transformar os sistemas econômicos e financeiros do presente e do futuro. Inspire-se na data para mudar.