Atuação socioambiental da Associação Caatinga se consolida ao longo de 22 anos

Fortaleza – CE. No dia 21 de outubro de 1998, a Associação Caatinga (AC) nasceu com a missão de contribuir para a valorização e conservação do bioma Caatinga. Esses 22 anos são motivo de comemoração de uma história de desafios e conquistas na jornada para reescrever a relação do sertanejo com o meio ambiente, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19.

A Associação Caatinga é uma entidade sem fins lucrativos que trabalha para promover a conservação das terras, florestas e águas da Caatinga a fim de garantir a permanência de todas as formas de vida do bioma.

A instituição mantém, há 20 anos, a Reserva Natural Serra das Almas, um reduto de conservação do bioma Caatinga. Localizada entre o município Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI), a unidade de conservação (UC) foi criada em setembro de 2002 e possui 6.285 hectares de extensão.

“A proteção da Caatinga e o Desenvolvimento Sustentável de comunidades do Semiárido são extremamente importantes para assegurar a manutenção de serviços ecossistêmicos e a adaptação destas comunidades à semiaridez. É com este propósito que há 22 anos estamos imbuídos em promover a proteção da biodiversidade e valorização da Caatinga”, Daniel Fernandes, coordenador geral da Associação Caatinga.

Para se ter uma ideia da sua extensão, se a Serra das Almas fosse em Fortaleza, ela ocuparia 20% da cidade. A área de proteção abriga 230 espécies de aves, 45 tipos de répteis, 33 de anfíbios, 323 de plantas e 45 tipos de mamíferos. Das seis espécies de felinos da Caatinga, quatro já foram avistadas na Serra das Almas: onça-parda (Puma concolor), espécie ameaçada de extinção e segundo maior felino do Brasil, jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e gato-mourisco (Puma yagouaroundi).

“A luta pela conservação do bioma Caatinga deve partir de várias frentes e uma delas é a criação de unidades de conservação, sejam elas públicas ou privadas, pois, desta forma, temos a oportunidade de tornar os fragmentos ainda conservados em áreas legalmente protegidas e que poderão continuar com a proteção e abrigo de inúmeras espécies de fauna e flora, muitas vezes ameaçadas de extinção”, ressalta Samuel Portela, coordenador técnico da AC.

Projetos socioambientais

A meliponicultura é uma das atividades desenvolvidas com as comunidades do entorno | Foto: Carlito Lima

A Associação Caatinga já realizou mais de 70 projetos socioambientais em 50 comunidades sertanejas que foram impactadas com ações de educação ambiental, conservação, desenvolvimento sustentável e disseminação de tecnologias sustentáveis.

Ao total, a Associação Caatinga disseminou 1.168 tecnologias sustentáveis para cinco municípios: Granja, Morrinhos, Crateús e Paraipaba, no Ceará; e Buriti dos Montes, no Piauí. Com essas ações, 3.600 famílias foram beneficiadas. As tecnologias são cisterna de placas, forno solar, fogão ecoeficiente, sistema bioágua, meliponicultura, compostagem e gestão do resíduo sólido e coletores de sementes.

Na área de educação ambiental foram mais de 111 mil pessoas envolvidas, desde agricultores a funcionários de empresas, além professores e jovens estudantes. A Associação Caatinga já realizou ações educativas em 87 escolas, as atividades acontecem por meio de palestras, cursos, capacitações e eventos educativos – de forma dialógica, com foco na troca de saberes.

“A Educação Ambiental para a Associação Caatinga é como a semente e a chuva que vão  fazendo germinar os afetos e atitudes necessárias para a nossa reconciliação com a natureza”, destaca Sandino Moreira, coordenador de Educação Ambiental da AC.

A Associação Caatinga já plantou 255 mil mudas de espécies nativas e restaurou mais de 120 hectares de floresta degradada. Também atua no desenvolvimento de áreas preservadas e apoiou a criação de 25 unidades de conservação, sendo 24 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e 01 UC pública, totalizando 36.637,09 hectares protegidos.

Além de conservar, a Associação Caatinga também produz conteúdo e estimula a implementação de políticas públicas socioambientais. Foram mais de 30 pesquisas científicas realizadas, incluindo estudos com felinos de grande porte em extinção na Caatinga, avaliação de um fungo como agente de controle biológico para combater a unha-do-diabo (Cryptostegia madagascariensis), planta invasora vinda de Madagascar que tem colocado em risco os carnaubais do Nordeste e identificação de áreas prioritárias para conservação do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), o menor tatu do Brasil que está ameaçado de extinção e que foi escolhido como mascote para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 por indicação da Associação Caatinga.

“O nosso modelo integrado desenvolvimento da Caatinga é um sucesso. Ao longos dos anos, mostramos que a relação entre a unidade de conservação e as pessoas das comunidades é benéfica em todos aspectos. Levamos esperança e mudanças reais e significativas para os nossos vizinhos e eles nos devolvem em ajuda na proteção da floresta e uso sustentável dos recursos naturais, com o uso das tecnologias sociais e informações recebidas nas capacitações. É muito gratificante fazer parte dessas mudanças, afirma Gilson Miranda, coordenador de Conservação da AC.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Uma das atividades desenvolvidas pela Associação Caatinga é o incentivo à conservação dos carnaubais | Foto: Samuel Portela

Outro foco da Associação Caatinga é aliar o trabalho de conservação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma coleção de 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

Os ODS abrangem questões de desenvolvimento social e econômico, como pobreza, igualdade de gênero, aquecimento global, educação, saúde e etc. O propósito é alcançar as 17 metas até 2030.

As ações da Associação Caatinga estão alinhadas a três objetivos da Agenda 2030. Ao 6º, que busca garantir disponibilidade de água limpa para todos; ao 13º que trata de mudanças climáticas e, por último, ao 15º que é focado na proteção e recuperação dos ecossistemas terrestres.

Também há aderência aos ODS 1, 2, 3, 5, 10, 12 e 17. Por todo seu trabalho, a Associação Caatinga já ganhou 11 prêmios nacionais e internacionais; tornando-se referência na proteção da Caatinga e desenvolvimento sustentável de comunidades rurais.

Saiba mais

www.acaatinga.org.br
www.youtube.com/c/acaatinga
www.facebook.com/associacaocaatinga
www.instagram.com/acaatinga

Fonte: Associação Caatinga

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