
Em minhas aulas, palestras e entrevistas, eu sempre costumo lembrar que a Terra existe há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, passou por cinco extinções de espécies em massa até que os mamíferos pudessem existir e que o homo sapiens está por aqui há irrisórios 300 mil anos.
Em nosso processo “evolutivo”, enquanto seres humanos, domesticamos as plantas há aproximadamente 12 mil anos, iniciamos a Revolução Industrial há cerca de 225 anos e intensificamos a produção industrial há 75 anos, no início da década de 1950, logo após a Segunda Guerra Mundial.
Neste curto espaço de tempo, fomos capazes de iniciar o que os cientistas denominam de sexta extinção em massa de espécies, a do Antropoceno, ou seja, uma extinção não causada por fenômenos naturais, mas pelos nossos próprios atos e que segue orquestrada pela ganância. Agora você deve se perguntar o que tudo isso tem a ver com a imagem acima.
Tirei essa foto nesta semana na minha caminhada entre a academia e a minha casa, num bairro de classe média da cidade de Fortaleza. Confesso que fiquei chocada e a me perguntar o que leva uma pessoa a sair para passear com seu cachorro, recolher as fezes do animal e largar o saquinho na rua? Que educação pela metade é essa? Que “evolução” é essa? Como exigir dos nossos governantes uma boa negociação climática se não fazemos o básico?
A imagem me tocou porque sempre ando a refletir sobre quem somos e como agimos desde os gestos mais simples. Felizmente, caminhando pelo mesmo quarteirão, fiz esta segunda foto, das raízes de uma árvore que seguem crescendo e quebrando o cimento que teima em contê-las, uma prova de que a natureza vai continuar do seu jeito, a despeito da sexta extinção em massa, felizmente. Se nós sobreviveremos a isso já é outra questão.

Tomamos a liberdade de compartilhar este artigo de fevereiro, que é exclusivo para apoiadores, a todos os assinantes da nossa newsletter e também para toda a nossa audiência porque enxergamos a necessidade dessa mensagem alcançar mais pessoas.
Esse compartilhamento é seguido de um apelo pela permanência deste espaço. O Jornalismo Independente precisa continuar, apesar de todas as dificuldades. Desde novembro de 2024 a Eco Nordeste está trabalhando sem nenhuma fonte de recurso. Como muitas outras organizações semelhantes, sentimos o impacto da drástica redução do financiamento para o setor e precisamos, mais que nunca, do apoio de quem acredita no nosso trabalho para continuar existindo. Clique aqui e saiba como ajudar. O cenário para o Jornalismo Independente no Brasil nunca foi tão desafiador.