Organizações estão atentas a recursos anunciados para o NE

A imagem mostra um cacto ereto, alto e verde-escuro, destacando-se no centro de uma mata densa. Ao redor dele há muitos galhos finos e troncos marrons, entrelaçados como uma rede natural, cobertos por folhas de vários tons de verde. A luz filtrada pelas copas cria pequenos brilhos nas folhas, dando ao ambiente um ar úmido e vivo
A preocupação dos movimentos sociais é que a aplicação desses montantes tenha consonância com as necessidades de desenvolvimento sustentável da região | Foto: Adriana Pimentel

Belém (PA). De terça-feira (11) até esta quinta-feira (12) foram anunciados três importantes aportes de recursos para o Nordeste na COP30. São 50 milhões de reais do Banco do Nordeste (BNB), 120 milhões de euros da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e 50 milhões de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A preocupação dos movimentos sociais é que a aplicação desses montantes tenha consonância com as necessidades de desenvolvimento sustentável da região.

“Nós temos acompanhado, enquanto ASA, os diversos anúncios que têm sido feitos decorrer dessa COP30 aqui em Belém”, afirma Valmir Macedo, membro da coordenação executiva da ASA Brasil. “É fato que esta é uma expectativa para compreender se as agências, os governos e a sociedade estão, de fato, priorizando, os temas com os quais lidamos, entendemos caros, como a agricultura familiar, a defesa do meio ambiente, a conservação e recuperação ambiental, o apoio às famílias camponesas, inclusive do Semiárido, para fortalecer a sua soberania, do ponto de vista do acesso à água, do resgate, da conservação, multiplicação da semente de crioula, da produção agroecológica e tudo aquilo que é a base do sustento e vida digna dessas populações”, afirma.

Para ele, mais do que o recurso financeiro e o que fazer, é importante o como fazer, como aplicar, qual a metodologia, se haverá possibilidade de envolvimento das comunidades, da sociedade e sociedade civil. “A ASA assume um papel de acompanhar esses anúncios e, posteriormente, monitorar, acompanhar a aplicação dos recursos, compreender estão chegando nas bases, se estão contribuindo de fato para mudar, melhorar a vida dessas famílias e, em se tratando de ASA, com enfoque no Semiárido brasileiro, um território bastante amplo, com 11 estados, com cerca de 1.447 municípios, potente na sua cultura, na sua resiliência, mas carente sim de investimentos estruturantes para qualificar a vida desse povo”, detalha.

Por fim, ele diz que a ASA está esperando que esses recursos sejam devidamente aplicados e que a sociedade, as bases, as comunidades possam contribuir, participar do planejamento e, quem sabe, da execução.

Financiamentos para o Nordeste

Na terça-feira (11), o Banco do Nordeste (BNB) anunciou, durante a COP30, a destinação de R$ 50 milhões em recursos não reembolsáveis para o financiamento de projetos voltados à preservação e recuperação da Caatinga nos próximos cinco anos.

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) anunciaram, na quarta-feira (12), um novo programa de cooperação que destina 300 milhões de euros para fortalecer o desenvolvimento sustentável nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Do total, 120 milhões de euros serão aplicados no Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), que tem o BNB como um dos operadores e amplia a capacidade de financiamento da instituição em projetos de energia renovável, saneamento, infraestrutura urbana e agricultura resiliente.

Já nesta quinta-feira (13), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) confirmou um aporte de igual valor, ou seja R$ 50 milhões no projeto do BNB. Esses investimentos, do BNB e BNDES, somam R$ 100 milhões e integram o Plano Brasil-Nordeste de Transformação Ecológica, lançado no mesmo evento.

A iniciativa marca uma ação coordenada entre os dois bancos públicos de desenvolvimento, com foco em ampliar o alcance das políticas de sustentabilidade e restauração ambiental no semiárido brasileiro. O anúncio contou com a presença do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

As jornalistas Maristela Crispim e Isabelli Fernandes viajaram a Belém para a cobertura da COP30 com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e estão hospedadas na Casa do Jornalismo Socioambiental, uma iniciativa que reúne profissionais e veículos brasileiros especialistas de todo o País para ampliar abordagens e vozes sobre a Amazônia, clima e meio ambiente.

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