Infraestrutura verde de Fortaleza não é eficiente, aponta pesquisa

Copas de árvores fotografadas de baixo para cima com céu azul ao fundo

A Floresta do Curió é a primeira Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Estado do Ceará, localizada em Fortaleza, e protege o último enclave de Mata Atlântica na zona urbana | Foto: Maristela Crispim

Por: Alice Sales
Colaboradora

Fortaleza – CE. Quanto de verde sobra em uma metrópole? Essa foi a pergunta que norteou recente estudo que mapeou o que resta de áreas verdes na cidade de Fortaleza. A pesquisa foi resultado do trabalho de conclusão de curso da acadêmica de Ciências Ambientais, Lígia Costa, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC)

Orientado pelo professor Marcelo Moro, o estudo buscou identificar e mapear os tipos de vegetação originária presentes em Fortaleza e o valor remanescente de cada tipo, além de propor a modelagem de corredores ecológicos como uma forma de tentar restabelecer uma conectividade entre os poucos fragmentos verdes presentes na cidade.

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“O trabalho deixou evidente o quanto é preocupante a situação de Fortaleza em relação à cobertura vegetal e áreas verdes no município e sua distribuição entre os bairros. Concluímos que a infraestrutura verde de Fortaleza não está sendo eficiente”, destacou a pesquisadora. 

Lígia Costa ressalta que a grande motivação para a realização do estudo foi sua vontade em ajudar a conservar a biodiversidade urbana e melhorar a qualidade ambiental da cidade Fortaleza. Além disso, ela enfatiza a necessidade de identificar os tipos de vegetação na cidade e entender melhor como ocorre a distribuição das áreas verdes no município.

Como metodologia para alcançar os dados apontados pela pesquisa, foi feito o uso de ferramentas de geoprocessamento e Sistema de Informações Geográficas (SIG). Além disso, foram usados dados de geomorfologia do município para o mapeamento dos tipos de vegetação originárias e análises de imagens de satélite para avaliar o uso e ocupação do solo. A pesquisa também contou com levantamento dos dados de Unidades de Conservação, parques urbanos, praças, ciclofaixas e malha viária para a modelagem dos corredores ecológicos propostos. 

O que havia de verde e o que sobrou?

O estudo levou em consideração diferentes tipos de ecossistemas existentes em Fortaleza e comparou quanto restou da cobertura vegetal de cada um, com relação à vegetação original:

Campo e arbustal praiano
Área de vegetação originária – 8,179 Km²
Área remanescente – 1,670 Km²

Ecossistema de Dunas
Área de vegetação originária – 52,237 Km²
Área remanescente – 6,272 Km²

Tabuleiros costeiros
Área de vegetação originária – 182, 521 Km²
Área remanescente – 16,677 Km²

Manguezal:
Área de vegetação originária – 14, 24 Km²
Área remanescente – 10,795 Km²

Mata Ciliar:
Área de vegetação originária – 18, 800 Km²
Área remanescente – 7,354 Km²

Caatinga do cristalino:
Área de vegetação originária – 28, 495 Km²
Área remanescente – 1,314 Km²

Mata seca do cristalino:
Área de vegetação originária – 0,631Km²
Área remanescente – 0, 539 Km²

Faixa de praia:
Área de vegetação originária – 1,902 Km²
Área remanescente – 1, 010 Km²

Corpos d’água:
Área de vegetação originária – 8,050 Km²
Área remanescente – 6, 360 Km²

Corredores ecológicos 

Segundo os dados sistematizados pela pesquisa,  Fortaleza perdeu grande parte da sua cobertura vegetal e, em consequência, parte relevante da sua biodiversidade. O estudo propõe como principal estratégia para a conservação da biodiversidade das áreas verdes de Fortaleza a implantação de corredores ecológicos. Isso porque esses corredores facilitam o trânsito de espécies animais e propágulos de vegetais pela cidade, o que torna possível a manutenção da vida e da qualidade desses espaços. Para tanto, o estudo propõe o planejamento da paisagem que leve em consideração a natureza da cidade.

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