Cientistas e comunidade se unem pela conservação marinha na Ilha de Itaparica

Mergulhador com roupa de neoprene preta, usa cilindro de oxigênio de cor amarela, no fundo do mar, ao lado de uma estrutura de coral

O projeto vai realizar atividades de pesquisa e de educação ambiental voltadas para a ciência cidadã e a educação ambiental direcionadas à conservação marinha em comunidades da Ilha | Foto: Afonso Santana

Por Alice Sales
Colaboradora

Ilha de Itaparica (BA). Ao longo de 24 meses a Ilha de Itaparica, no litoral baiano, será o foco de diversas ações de restauração do ambiente marinho. Pautado no cumprimento das metas da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, o Projeto Mares, liderado pela Organização Socioambientalista Pró-Mar, em parceria com a Petrobras, deverá unir esforços de pesquisadores e da comunidade com o propósito de contribuir para a conservação da biodiversidade marinha local.

Iniciadas no começo deste ano, as ações do projeto buscam a implementação de atividades voltadas para a ciência cidadã e a educação ambiental direcionadas à conservação marinha em comunidades da Ilha de Itaparica. O Projeto Mares é pautado em dois eixos principais:

  • Pesquisa, monitoramento e restauração de corais
  • Atividade de Educação Ambiental com comunidades

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“Temos nesse projeto o desafio de restaurar uma área de um 1,5 km² de recife de coral. Além de todo serviço ecossistêmico que os corais prestam para a nossa biodiversidade, esse recife de corais especificamente, tem também um contexto cultural e histórico importantes. A Ilha se chama Itaparica, que na língua dos indígenas Tupinambá significa “cerca”, por causa dessa estrutura recifal que protege toda a costa da ilha,  situada de frente para a cidade de Salvador”, ressalta Zé Pescador, ativista fundador do Pró-Mar e coordenador geral do projeto.

O fundador da organização destaca que esse é um trabalho inovador na Baía de Todos os Santos e como resultado das ações, a ideia é incentivar a segurança alimentar das comunidades, que contam com a pesca artesanal como atividade, e a criação de negócios que fortaleçam o turismo de base comunitária, além de estimular o engajamento da comunidade local na defesa e na conservação dos recifes de corais.

No âmbito de pesquisa serão realizadas atividades de restaurações de corais e desenvolvimento de metodologias que permitam a regeneração de áreas degradadas dos recifes, que uma vez saudáveis, garantirão a diversidade de espécies, além da manutenção da pesca e de outros serviços ecossistêmicos.

A Ecologia e a importância dos ambientes recifes de corais serão base para essas atividades.  A ideia é ressaltar como a conservação  desses ambientes pode impactar diretamente na qualidade de vida dos moradores da ilha de Itaparica. “O objetivo é formar jovens locais para que possam realizar o resgate dos corais e/ou seus fragmentos, instrumentos estes que serão utilizados para restaurar os recifes de corais na APA Recife das Pinaúnas”, destaca Adriana Muniz, coordenadora do eixo de Educação Ambiental da Organização Socioambientalista Pró-Mar

Essas formações serão distribuídas em 60h de atividades teóricas e práticas a partir da abordagem em metodologias participativas, tais como o protocolo Reef Check Brasil, padrão internacional de monitoramento de recifes de corais.

Educação e Meio Ambiente

O projeto também prevê a criação de um centro de interpretação ambiental, ações de limpeza de praia envolvendo as comunidades e a formação continuada de professores do ensino básico para as metodologias de ensino voltadas às temáticas dos ambientes marinho e costeiro, já que, embora a nova Lei da Base Nacional Comum Curricular traga como diretriz o trabalho com a temática ambiental, a maioria dos educadores não foi capacitada para essa prática pedagógica.

Com isso, os profissionais de educação participarão também de uma ecoformação com carga horária estimada em 80h, para que apliquem esse conteúdo em sala de aula e formem cidadãs e cidadãos conscientes da importância de viver em equilíbrio com o meio ambiente. Essa formação se dará por meio de uma Plataforma de Educação a Distância (EAD) que permitirá escolher quando e onde fazê-la.

“Entendemos que tão importante quanto restaurar o que foi degradado é ter pessoas que saibam conviver em harmonia com a natureza. Mas, para isso, precisamos educar e conscientizar as pessoas. A formação continuada de professores dos municípios contemplados nesta proposta favorecerá um aumento no engajamento das crianças para o mundo da ciência oceânica, além de auxiliar no estímulo do ensino e aprendizagem voltados à realidade socioambiental na qual a comunidade está inserida”, avalia Adriana.

Além disso, o Projeto Mares terá o diferencial de disponibilizar transferência de tecnologia social para a construção de sementeiras a partir da utilização de organismos bioincrustrantes oriundos de limpeza de cascos de navios e/ou piers e outros materiais,  para plantio da espécie Millepora alcicornes, que será utilizada na restauração de recifes de corais da Ilha de Itaparica.

“Objetiva-se com todas estas ações ampliar a participação da comunidade, atrair o público de pescadores, marisqueiras e crianças para participar ativamente de atividades de cunho educacional e científico, produzir conteúdos e materiais de aprendizagem complementar, coleta de dados científicos, experimentos socioambientais e ações de divulgação e comunicação”, ressalta Adriana Muniz.

A agenda de atividades do Projeto Mares poderá ser consultada no site da Organização Socioambientalista Pró-Mar e nas redes sociais Instagram (@promarong) e/ou Facebook.

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