O pequeno André, como foi chamado o animal, está bem de saúde e ficará no equipamento até desenvolver os comportamentos naturais para sobreviver em vida livre | Fotos: Lú Rocha / Semas-PE
Recife – PE. Um filhote de bicho-preguiça resgatado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Alagoas está sob os cuidados dos técnicos do Parque Estadual de Dois Irmãos, em Recife (PE). O pequeno chegou ao equipamento pernambucano em dezembro, com apenas três meses de vida, e teve seu processo de adaptação divulgado nesta quarta-feira (6). Ele recebeu o nome de André, está bem de saúde e vem se desenvolvendo normalmente, apesar de ter perdido a mãe tão cedo. Todo o acompanhamento do bichinho vem sendo feito pelo Projeto Preguiça de Garganta Marrom, referência em reabilitação e na reintrodução de animais dessa espécie na vida livre.
“Receber um animal tão jovem é sempre um desafio e essa espécie requer um manejo muito especial. O Ibama de Alagoas havia recentemente tentando, sem sucesso, fazer a reabilitação de outro bicho-preguiça. Por isso, dessa vez, eles prefeririam fazer uma parceria com a gente. Ao longo dos anos, desenvolvemos métodos de manejo que têm uma alta taxa de sucesso e André tem grandes chances de voltar à natureza e cumprir sua missão”, afirmou a coordenadora do projeto e bióloga do Parque de Dois Irmãos, Fernanda Justino.
André levará um tempo maior para aprender os comportamentos naturais da espécie em vida livre, como a busca pela comida, quando descer e subir das árvores, entre outras atividades. Normalmente, as preguiças seguem a vida sem os cuidados maternos ao atingir os seis meses. Mas, no caso do pequeno que perdeu a mãe, estima-se que esse desenvolvimento leve até um ano e meio para ser alcançado, pois comportamentos naturais precisam ser estimulados.
“Por ser filhote, usamos técnicas para compensar a ausência materna. Fazemos o aleitamento artificial e estimulamos comportamentos, como ofertar variedades de folhas para que defina sua preferência, colocar o pequeno em contato com o solo para defecar e urinar, além de subir em galhos para aprimorar sua locomoção. Mas, a velocidade do desenvolvimento dependerá dele. Ele precisa demonstrar que seus comportamentos naturais estão o mais próximo possível do que precisará para sobreviver em vida livre”, explica Fernanda.
A bióloga diz que ainda conta com uma ajuda muito especial para acelerar o desenvolvimento do filhote. Trata-se de Laura, uma fêmea adulta que foi resgatada recentemente na área de Mata Atlântica do Parque e está se recuperando de uma cirurgia. “Os dois convivem no mesmo ambiente. André gosta muito de Laura e fica sempre junto dela. Isso é importante porque ele observa o comportamento de um adulto e aprende também os hábitos naturais. Esse reforço especial de Laura ajudará muito que André cresça saudável e apto para retornar à natureza”, conclui Fernanda Justino.
Fonte: Semas-PE