Projeto prevê a instalação de torrefadora e vai impactar positivamente a economia dos municípios na região do Baturité | Foto: Eduardo Magalhães

Mulungu – CE. Representantes da Prefeitura Municipal de Mulungu, da Fundação Cultural Educacional Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus de Baturité e do Observatório Cearense da Cultura Alimentar (OCCA) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), celebram a assinatura de um Termo de Cooperação para realização do projeto de instalação do Centro Internacional do Café de Sombra.

As instituições parceiras irão desenvolver conjuntamente projetos colaborativos, com especial ênfase na produção, processamento, pesquisa, promoção e comercialização do café de sombra agroecológico, da região do Maciço do Baturité, no Ceará.

A cerimônia será presencial, nesta quarta-feira, 9 de setembro, a partir das 9h, na sede da Prefeitura Municipal de Mulungu. A cidade fica a cerca de 120 Km da capital Fortaleza e serão adotadas medidas de segurança para a realização do evento, conforme as recomendações das autoridades sanitárias. Também haverá a transmissão ao vivo pelas redes sociais.

Para a assinatura, além dos envolvidos, foram convidados diversos representantes de entidades ligadas ao setor e de governo, como a presidente do Sindicato das Indústrias de Torrefação e Moagem de Café do Estado do Ceará (Sindicafé), Milene Alves Pereira, Governo do Estado do Ceará, Assembleia Legislativa do Estado do CearáFederação da Indústrias do Ceará (Fiec) e agricultores(as) familiares.

Termo de Cooperação

O convênio, além da criação do Centro Internacional visando a valorização do café de sombra, pretende realizar diversas atividades como a instalação de torrefadora e do Memorial do Café, o fortalecimento da gastronomia, restaurantes e da cultura alimentar e a promoção do turismo no território, a proteção da biodiversidade (avifauna) e dos sistemas socioecológicos, bem como o desenvolvimento de projetos-piloto.

Para participar da transmissão dentro da sala virtual, por meio da plataforma Zoom, é preciso se inscrever via e-mail: institucional@fundacaocepema.org.br e receber o link ou acessar a página do Facebook https://www.facebook.com/CepemaFundacao/ no horário marcado.

Retomada histórica

O consultor Adalberto Alencar (U&We Suécia) recorda os caminhos e percalços da experiência da exportação do café florestal de sombra, na década de 1990. “O café plantado no remanescente de Mata Atlântica, com alguns esforços técnicos e investimento na seleção de grãos, chegou a ser considerado um dos melhores do mundo”, assegura Alencar.

Ele lembra que foi instalada uma torrefadora, que funcionou em comodato com a associação os cafeicultores da região. Com a participação de agricultores foi criada também uma cooperativa, mas houve dificuldades de gestão e de mercado na época.

Nos últimos anos se retomou o contato pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que estabeleceu a rota turística do café.

E no ano passado, com a realização do Ceará Organic Food Festival, ganhou novo impulso a articulação de um grupo de trabalho envolvendo as instituições de governo, acadêmicas, do Terceiro Setor, empresariais e os próprios produtores, com planos de retomada da fábrica torrefadora, bem como sua legalização, plano de negócios e investimentos em laboratório de análises, dentre outros.

Impactos socioambientais

Adalberto é um entusiasta da proposta do Centro Internacional do Café de Sombra. Segundo ele, o projeto envolve atuações em diversas áreas relacionadas, como “turismo, gastronomia, educação ambiental, preservação de espécies, pesquisas científicas socioecológicas e muitos outros”.

Além disso, o consultor ressalta a viabilidade legal desse tipo do plantio de manejo em Área de Proteção Ambiental (APA), como é o caso, em que não é permitida a queima e desmatamento, apenas o uso sustentável. “O café associado com árvores frutíferas, por exemplo, representa consórcio um essencial para recuperação de terras degradadas e conservação de nascentes, sequestro de carbono, além de fonte de renda pelo extrativismo de madeira e produção de alimentação saudável“, destacou.

O projeto deve envolver outros municípios, dentre os cerca de 40 que praticam esta modalidade de cultivo no Estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção deve mirar inicialmente o mercado interno de café orgânico e, em seguida, o exterior. Para isso, deve contar inclusive com a certificação do Sistema Participativo de Garantia, da Rede EcoCeará de Agroecologia.

“Estas iniciativas devem recolocar no cenário nacional e internacional a referência de qualidade do café florestal de sombra do Baturité, uma tradição histórica de mais de 250 anos de produção sustentável”, acredita Adalberto Alencar.

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2 Comentários
  1. Estão querendo fazer uma casa começando pelo telhado, as experiências anteriores só não deram certo por conta da pouca produção de café na serra de Baturité, e não vejo nenhuma ação de incentivo a retomada do cultivo, se isso não ocorrer esse centro será muito bom como um museu.

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