Fernando de Noronha – PE. Suspensas desde 18 de março de 2020, por determinação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em função da pandemia de Covid-19, as atividades de campo do Projeto Golfinho Rotador, que conta com o patrocínio da Petrobras, foram retomadas na semana que passou.
Segundo o coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador, Flávio Lima, com a autorização, os pesquisadores voltam a registrar informações sobre o comportamento e a ocorrência dos golfinhos-rotadores na ilha sem atividades turísticas porque a entrada de visitantes em Fernando de Noronha ainda está proibida.
As atividades de pesquisa na Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (APA-FN) são saídas de barco e observação do Forte Nossa Senhora dos Remédios, de segunda a sábado, das 5h às 18h. Essas atividades atendem às seguintes etapas metodológicas da Autorização de Pesquisa: investigação de aspectos da ecologia comportamental dos rotadores, investigação dos padrões de distribuição de cetáceos em FN e observação e gravação de imagem ou som em terra.
Justificativas para a continuidade das atividades de pesquisa do Projeto Golfinho Rotador:
- Desde 1990 o Projeto Golfinho Rotador monitora o comportamento dos golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha e o impacto do crescimento do turismo sobre estes animais.
- O Projeto Golfinho Rotador é um dos maiores programas de “Estudos de Longa Duração” de golfinhos do mundo, tipo de pesquisa necessário para compreender as tendências e dinâmicas ecológicas, que passariam despercebidas em estudos de curto prazo.
- A realidade atual do Arquipélago com a inexistência de passeios de barco para observação de golfinhos é uma situação única para analisar o comportamento dos rotadores a esta nova e provisória realidade.
- Muitas das atividades do Projeto estão previstas no Plano de Ação Nacional para Conservação de Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção do ICMBio para o Ciclo 2019 a 2024.
Medidas de segurança para evitar dispersão da Covid-19:
- Até o término do estado de emergência devido à Covid-19, somente pesquisadores já autorizados pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio) e que passaram o confinamento em Fernando de Noronha participam desta fase da pesquisa, sem a participação de pessoas de fora.
- Os pesquisadores que participam desta fase da pesquisa residem e já se encontram dentro da APA-FN.
- Os pesquisadores tomarão todos os cuidados recomendados com relação à Covid-19, principalmente com o contato com outras pessoas, cuidado com uniforme e equipamento.
- Os pesquisadores desenvolverão as atividades de pesquisa sozinhos ou em duplas constantes, sempre mantendo a distância mínima recomendada e o cuidado com equipamentos individuais.
- O Centro Golfinho Rotador se responsabiliza totalmente pela saúde e bem-estar de seus pesquisadores.
Longa história
Registrados pela primeira vez em Noronha em 1556, pelo frade franciscano André Thévet (1502-1590), durante expedição do governo francês ao Brasil, os golfinhos-rotadores até hoje estão associados à imagem da ilha. O turismo teve início em Noronha em 1969. Em 1970 começou o turismo náutico para observação de golfinhos.
Em 2019, em 80% dos dias foram avistados em média 338 golfinhos em Fernando de Noronha. Golfinhos dessa espécie, cientificamente chamada Stenella longirostris, durante a noite se alimentam de peixes, lulas e camarões no oceano aberto. De dia, como apontam estudos realizados pelo Projeto Golfinho Rotador, os rotadores procuram as baías de Noronha para descansar, se reproduzir, amamentar e cuidar dos filhotes.
Esses dados, frutos das pesquisas realizadas ao longo de quase 30 anos, justificam a necessidade da conservação da espécie e da biodiversidade marinha em Fernando de Noronha. É este histórico que faz com o Projeto Golfinho Rotador seja um dos maiores “Programas de Pesquisa Ecológica de Longa Duração” com golfinhos do mundo.
As atividades de monitoramento, assim como ações na área de educação ambiental, envolvimento comunitário, sustentabilidade e pesquisa de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.