Pesquisadoras da UFC desenvolvem cosmético multifuncional a partir da carnaúba

Fotografia de palmeiras com folhagens em formato de leque (carnaúbas), uma delas em destaque ao centro, com uma mata ao fundo

O produto feito a partir da árvore considerada símbolo do Ceará funciona na correção de manchas na pele de forma eficaz e ecologicamente sustentável, além de atuar como esfoliante | Foto: Samuel Portela

Por Alice Sales
Colaboradora

Fortaleza – CE. Novo ativo cosmético feito a partir da cera de carnaúba acaba de ser desenvolvido por pesquisadoras da Universidade Federal do Ceará (UFC). O produto feito a partir da árvore considerada símbolo do Ceará funciona na correção de manchas na pele de forma eficaz e ecologicamente sustentável, além de atuar como esfoliante. O invento garantiu a  29º carta patente para a UFC.

Considera este conteúdo relevante? Apoie a Eco Nordeste e fortaleça o jornalismo de soluções independente e colaborativo!

Iniciados em 2016, os estudos para a elaboração do produto buscavam oferecer ao mercado um ativo esfoliante que substituísse as microesferas de plástico, hoje amplamente utilizadas pela indústria cosmética, mas que contaminam os oceanos e prejudicam a vida aquática.

Tamara Gonçalves, professora doutora do curso de Farmácia e coordenadora do Laboratório de Cosméticos da UFC, explica que geralmente, no mercado de cosméticos, esses produtos esfoliantes são feitos a partir de microesferas de polietileno. Ela relembra que, no mesmo ano em que as pesquisas para desenvolver o produto se iniciaram, o ex-presidente Barack Obama decretou uma lei nos Estados Unidos proibindo totalmente o uso dessas micropartículas em produtos cosméticos. 

“Precisávamos dar uma solução para o mercado cosmético. Ou seja, tínhamos o problema: as micropartículas de polietileno. A solução veio quando desenvolvemos microesferas com as mesmas características das micropartículas de polietileno, porém de uma forma natural e que não agride o meio ambiente.”

Diversos materiais da nossa biodiversidade foram testados, sendo os insumos retirados da carnaúba os que mais se adequaram aos resultados esperados do produto. Da cera da árvore da vida foram desenvolvidos grânulos de tamanho padronizado ao dessas esferas plásticas, os quais mostraram a mesma capacidade de esfoliar a pele.

Além disso, o produto desenvolvido apresenta ainda a ação clareadora como diferencial. “Apostamos em colocar dentro dessas microesferas algum ativo que entregasse uma ação a mais, já que os cosméticos multifuncionais estimulam o consumo mais responsável e consciente. Pensando nisso, realizamos diversos experimentos em laboratório e com base em pesquisas científicas, conseguimos enriquecer o produto encapsulando dentro das micropartículas o  ácido kójico, que já é amplamente utilizado no mercado cosmético com ação clareadora” detalha a pesquisadora.    

Potencial de Mercado

Após o processo de patenteamento, o esfoliante e clareador feito a partir da cera da carnaúba aguarda por investimentos de empresas privadas que tenham interesse na ideia para que possam de fato ir para as prateleiras e chegar até o consumidor. A pesquisadora Tamara Gonçalves considera o produto promissor, com potencial de mercado e exemplifica uma tecnologia semelhante vendida por uma conhecida empresa brasileira de cosméticos:

“A Natura lançou microesferas de bambu contendo ácido glicólico, ou seja é a mesma ideia do nosso produto que contém microesferas de cera de carnaúba contendo ácido kójico. O produto faz  uma esfoliação física com as microesferas e libera o que está dentro que é o ácido.  Essa ação de clareamento do produto é magnífica, porque nos abre mais portas para o mercado”, ressalta.

Quer a apoiar a Eco Nordeste?

Seja um apoiador mensal ou assine nossa newsletter abaixo: