FOTOS: ALICE SALES
O Vale do Rio São Francisco é uma terra fértil, propensa para a produção de alimentos, mas vem sofrendo pressões do agronegócio, responsável pela devastação de grandes áreas de Caatinga
A Agroecologia e o fortalecimento da agricultura familiar de comunidades tradicionais da região são caminhos para uma produção mais limpa e menos agressiva a toda a natureza que envolve o rio
Em Juazeiro (BA), às margens do Velho Chico, ergue-se o Armazém da Caatinga e a Feira Agroecológica e Orgânica, um grande espaço fruto do trabalho de agricultores familiares que vivem na região
O lugar reúne produtos da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), fundada em 2004 e que teve início com mulheres que fabricavam geleias de frutos da Caatinga
Com o fortalecimento da Coopercuc e com a necessidade de estruturar as vendas, em 2016, fundou-se a Central da Caatinga, que reúne cooperativas para comercializar produtos de agricultores familiares
“São quase duas mil famílias atendidas diretamente. A ampliação está para o Brasil inteiro”,
revela Denise Cardoso, coordenadora institucional e de mercado da Central da Caatinga
Daí nasceu o Armazém da Caatinga, prédio histórico nas margens do Rio São Francisco, com produtos de diversas cooperativas de todo o País. É onde também funciona uma feira agroecológica e orgânica
A feira surgiu a partir de articulações da Rede de Agroecologia Povos da Mata, primeiro Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade da Bahia e escolheu Juazeiro como polo
A iniciativa visa oferecer alimentos de qualidade e divulgar o trabalho do MST, da Rede de Agroecologia Povos da Mata e mais núcleos e é uma forma de promover uma economia solidária
“Queremos fazer as feiras em pontos estratégicos, fazer a nossa produção chegar à mesa da população mais carente”,
afirma Carmem de Oliveira, coordenadora do Pré-Núcleo do Sertão do São Francisco
A pesca no Baixo São Francisco é uma atividade que necessita de olhares mais atentos. Ao longo dos anos, a presença de espécies vem sendo prejudicada pelos efeitos dos barramentos de hidrelétricas
“Pescávamos aqui mandi, de anzol; tubarana, que é o dourado. A pilombeta voltou pouco depois dessa enchente. Tinha a pescaria do pitu também com armadilha”,
relembra o pescador José Rodrigo
Mas, atualmente, a maior quantidade de peixe que é pescada no Baixo São Francisco é pirambeba, piranha e os peixes que são onívoros, como o pacu, que praticamente não têm valor comercial
Como solução, Vanildo Souza de Oliveira, engenheiro de pesca e professor da Universidade Federal de Rural de Pernambuco, sugere um programa de repovoamento com espécies nativas de valor econômico