FOTOS: ALICE SALES
No município de Porto Real do Colégio (AL), há a Aldeia Indígena Kariri-Xocó. São 1.300 famílias que vivem numa terra de 664 hectares em processo de homologação, que margeia o Rio São Francisco
Da área total, 10 hectares são reservados ao ritual sagrado do Ouricuri, do qual só indígenas participam. O ritual é um ato de fortalecimento e preservação das práticas ancestrais desse povo
“Nós chamamos o Rio de Opará, que significa rio-mar. Mas eu não vejo os governantes fazerem nada por ele. Se ele acabar nós acabamos também”,
declara o Cacique Cícero Suíra, sobre o Velho Chico
Um trabalho de destaque vem sendo realizado por Idiane Crudzá. Aos 35, ela vem trabalhando na retomada da língua Dzubukuá Kariri Kipea, que ficou adormecida por mais de 100 anos
“Não é só um idioma, é uma identidade ancestral, cultural, espiritual. Por meio dela podemos nos conectar com a natureza, com a espiritualidade de nossos ancestrais”,
ressalta
A 54 km de Porto Real do Colégio fica Feira Grande, também em Alagoas. Na comunidade Olho D´Água do Meio, vivem 170 famílias indígenas e há a Associação de Jovens Produtores Indígenas Tingui-Botó
A Associação, já conta com 30 jovens e visa o fortalecimento da juventude indígena Tingui-Botó, que vem ocupando vários espaços em busca de melhorias que respeitem as regras e saberes da comunidade
O território indígena conta com 540 hectares demarcados, dos quais 90% são de vegetação nativa com nascentes que contribuem para o São Francisco
Ações de reflorestamento sempre existiram. Mas, foi com o auxílio do Fundo Casa Socioambiental, que construíram um viveiro de plantas nativas e estão para construir uma casa de sementes crioulas
“A natureza é nosso guia; o cocar é nossa proteção; arco e flecha é nossa arma; o som do maracá e o Toré, nosso grito de resistência”
Eré Batista, jovem liderança Tingui-Botó, destaca:
Distante 236 km de Feira Grande (AL), está Jatobá (PE), onde localiza-se uma das aldeias do Povo Pankararu na região, território demarcado nos anos 1940 que só em 2018 foi desapropriado
Em muitos anos de lutas pelo direito ao seu território e contra os impactos na cultura e ancestralidade causados pela construção de hidrelétricas, resistem buscando viver em harmonia com a natureza
Uma casa antiga será o ponto de partida para a construção do Museu Casa Solar dos Pankararu, que apresentará fornecimento de energia solar autônoma à comunidade indígena
O lugar será um espaço de convivência e de recepção de turistas e também conta com o apoio do Fundo Casa Socioambiental
“Nós já temos um museu, escola e a casa de memória lá na Aldeia Brejo dos Padres, em Tacaratu. Aqui vai ter muita visita por conta do histórico de luta”,
finaliza o vice-cacique Sarapó